No cinema para ler, as revelações sobre Greta
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de agosto de 1991
Já chegam a 30 os livros sobre cinema lançados este ano no Brasil, confirmando-se aquilo que aqui temos insistentemente registrado: o interesse cada vez maior pela sétima arte, em seus vários segmentos. O atento Cosme Alves Neto, curador da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, listou 27 títulos - incluindo meia dúzia que deve chegar às livrarias nas próximas semanas.
Biografias como de Ava Gardner - que em traduções de Celso Loureiro Chaves foi lançado pela LP&M (332 páginas, com ilustrações) esgotam rapidamente, como nos dizia, há duas semanas, o editor Ivan Pinheiro Machado, entusiasmado com as vendas imediatas desta primeira edição. Outra biografia que deverá esgotar nas primeiras semanas é "Greta Garbo - uma biografia não autorizada" de Antônio Granowicz (tradução de Raul de Sá Barbosa, 484 páginas), que a Editora Record lançará na Bienal do Livro no Rio de Janeiro. Com revelações indiscretíssimas do mito maior de Hollywood dos anos 30/40, feitas por um amigo e confidente da atriz durante mais de 20 anos (e que como diz Sérgio Augusto, na "Folha de São Paulo", chegaram a frequentar a mesma cama"), o livro só foi publicado nos EUA, no final do ano passado, após a morte de Garbo que ameaçou o autor e a editora (Simon & Shuster) de processo.
Entre outras revelações, o livro revela que ao lado de seus amantes mais famosos - fotógrafo Cecil Beaton, ator John Gilbert, maestro Leopold Stokowicz, cineasta Mauritz Stiller (que, consta, foi seu grande amor), a estrela de "Anna Karenina" tinha também acentuada preferência por mulheres - e entre outras repartiu carinhos com a poeta e roteirista Mercedes de Acosta e a comediante Marie Dessler (que fez o filme "Romance de Carlitos") entre outras.
A listagem de Cosme Alves já inclui "Cinematógrapho", coletânea de artigos de Lélio Sottomaior Jr., publicados no "Correio de Notícias", que a Secretaria da Cultura ainda não editou.
Aliás, Lélio fez uma surpresa ao seu companheiro de geração dos anos 60, o hoje ator e assessor (da Fundação Teatro Guaíra) Christo Dikoff, 43 anos, publicamos, em edição xerocada, os entusiásticos artigos que Dikoff escreveu sobre Jean Luc Godard no início dos anos 60, quando dividida suas paixões visuais entre os enfant-terrible da nouvelle vague e o humor sofisticado do austríaco-hollywoodiano Billy Wilder. Dikoff acha que a edição foi precipitada, "pois gostaria de reescrever meus pontos de vista". Vale, entretanto, como um documento de uma época em que a nouvelle vague chegava (com um pouquinho de atraso) aos olhares dos cinéfilos curitibanos - incluindo o poeta Paulo Leminski (1944-1989), um dos primeiros a se extasiar com "Duas ou Três Coisas que eu Sei Sobre Ela".
Entre os livros programados para as próximas semanas, alguns títulos indispensáveis: "O Amor é Mais Frio que a Morte" de Robert Katz e Peter Berlinger, biografia do cineasta alemão Werner Fassbinder (Brasiliense); "Fragmentos de uma Autobiografia" de Roberto Rosselini (Nova Fronteira), "Woody Allen" de Eric Lax (Companhia das Letras); "Cinema e Jornalismo - a sétima arte e o quarto poder" de Carlos Armando; "Jack Nicholson" (Editora Nórdica, lançamento na próxima Bienal do Livro) e "Cidadão Kane" de Robert L. Carringer (Civilização Brasileira).
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