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Aramis

A Cidade & O Tempo

Dentro de uma semana, quando o Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado reunir-se para apreciar o longo arrazoado preparado pelo advogado Lamartine Lyra Corrêa de Oliveira, em defesa de seus clientes, William Mussi e J. Ramon, proprietários do chamado "Castelo do Lupion", contra a iniciativa do tombamento daquela propriedade, o arquiteto Sérgio Todeschine Alves diretor do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico, também apresentara uma argumentação justificando a sua iniciativa para tentar preservar um pouco do que ainda existe de interessante na arquitetura curitibana. xxx Todeschine Alves inicia sua argumentação lembrando que sua intenção ao iniciar o processo de tombamento dos dois imóveis o outro edifício é a mansão da família Araújo, também na Avenida Batel, ao lado do castelo do Lupion, "foi tentar preserva-los como monumentos artísticos mais ou menos do mesmo estilo, e que estarão inevitavelmente, no futuro, inseridos num contexto urbano formado por edifícios, visto ser ali uma zona residencial que permite prédios de grande altura". E de fato já se percebe o agrupamento de edifícios em torno do quarteirão" onde estão os dois monumentos, que belíssimos, estão circundadas por magníficos jardins e belas arvores". Diz ainda Sérgio: "Este conjunto arquitetónico, achamos, deve ser preservado para que inclusive mais tarde, o próprio Estado ou municípios pudessem adquiri-los para a realização de uma instituição cultural". xxx Citando opiniões de Gautier (1856), Louis Bounier (1890) e Jean Reimond (1934), o diretor do DPHA, contesta a tese levantada por Lamartine Lyra de que o Castelo de Lupion, construído nos anos 20 pelo cafeicultor Luís Guimarães com projeto do arquiteto Eduardo Fernando Chaves, não representa uma arquitetura nacional: "é sabido que o Brasil foi colonizado por portugueses no inicio. Mas é verdade também que outros povos do mundo vieram para cá, na ânsia de encontrarem o novo mundo e com sua cultura começarem a nos influenciar. Devemos também prestar uma homenagem a outros povos do mundo que com parcelas da sua cultura estão ainda formando o modelo brasileiro". Defendendo a sua tese, Sérgio Alves cita varias opiniões em relação aos diferentes estilos de arquitetura, justifica a importância de ser preservado aquela construção e termina dizendo: "a revista O Cruzeiro" de 1937 já mostrava como os nossos antepassados já amavam aquela obra. E por tudo isso que devemos conservar o que foi amado. Assim como o que amamos ou fizemos com amor será preservado e respeitado". xxx Apesar das centenas de elitistas cultores da chamada musica erudita estarem reunidos na cidade neste festivo janeiro, por certo nenhum deles se lembrou de que ontem transcorreu o segundo centenário de falecimento, em Milão, do compositor Giovanni Battista Sammartini (1702-1775). Mas aqui fica uma dica para os componentes diretores do Festival, caso queiram lembrar, mesmo de forma discreta, mais uma efeméride: dia 2 de fevereiro, penúltimo dia do Festival de Música, é o centenário de nascimento do célebre violinista austríaco Fritz Kreisler. E a 7 de março de 1875 nascia em Cibourne, o compositor francês Maurice Ravel. Outras efemérides musicais para 75: dia 3 de junho o centenário de falecimento de Georges Bizet; dia 26 de setembro, o 30o aniversario da morte de Bela Bartok e no dia 25 de outubro o sesquicentenario de nascimento de Johann Strauus Júnior.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
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16/01/1975

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