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Aramis

Brasil segundo um Suiço

Na página 274, após analisar as eleições municipais de 30 de novembro de 1969, o neutro observador suíço fala da escolha dos 22 governadores pelo presidente Garrastazu Médici, acrescentando: "Em vista da severa filtragem efetuada, Médici podia esperar dispor de um grupo "Ideal" para sustentar o regime. Um incidente, porém, virá perturbar esse tranquilo otimismo. No dia 23 de novembro de 1971, a imprensa anuncia a demissão do governador do Paraná, Haroldo Leon Peres. Sem que o assunto seja propalado, os serviços federais descobriram certo número de malversações na breve gestão do recém-eleito, e o presidente exigiu sua eliminação imediata. Contudo, em vez de admitir seu erro na escolha do candidato, o Governo manda apreender os exemplares da revista "Veja", que relata os fatos em sua edição de 1o de dezembro (n. 169, páginas 19-23) e que deles tira a conclusão seguinte: "Ao arrebatar das mãos de um povo tido por insuficientemente maduro o direito de escolha dos governadores, dever-se-ia garantir para sempre a conquista da probidade. Esta tese não está destruída, mas, desde a semana passada, está provado que sua probabilidade de erro é de pelo menos um em vinte e dois". Acrescenta ainda Fiechter, em nota de pé de página (257) a respeito do incidente: "Em 13 de maio de 1972, o Tribunal de Contas do Paraná recusou as contas do ex-governador, o que jamais acontecera. Se a Assembléia Legislativa à qual o caso será agora submetido aprovar o veredito, Peres poderá ser julgado pela justiça comum". O interesse de historiadores e sociólogos estrangeiros por temas do Brasil tem permitido uma divulgação internacional de importantes fatos relacionados a nossa história contemporânea, muitos dos quais desconhecidos até então em nosso próprio País. A estes estudos vem se acrescentar agora "O Regime Modernizador do Brasil" (1964-1972) do suíço Georges- André Fiechter que, amparado numa respeitabilíssima bibliografia relatórios oficiais, jornais, revistas, publicações estrangeiras e mesmo documentos inéditos do arquivo do marechal Castelo Branco, desenvolve um imparcial e sincero estudo sobre a vida política brasileira no tumultuado período de oito anos. Editado pela Fundação Getúlio Vargas, através de seu Instituto de Documentação, com tradução de Maria Cecília Baeta Neves e Nathanael Caxeiro, este "estudo sobre as interações político-econômicas em um regime militar contemporâneo", subtítulo do trabalho, faz ao longo de suas 355 páginas, várias referências a homens públicos paranaenses e ao nosso Estado. Jacques Freymond, diretor do Instituto Universitário de Altos Estudos Universitários, de Genebra, no prefácio lembra que nos oito anos que passou no Brasil, inicialmente como jovem estudante e depois como responsável por uma empresa, Georges Fiechter não se defrontou com problemas apenas - aprendeu a conhecer um país e seu povo. Não se contentou em se deslocar de um centro de negócios a outro - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte - nem em seguir os itinerários clássicos dos turistas. Assim, sua análise da vida política brasileira entre 1964-72, embora sujeita a correição, é uma leitura das mais interessantes a todos que se ocupam da vida pública. Afora outras referências menores - como rápidas citações do ex-ministro Ivo Arzua Pereira, da Agricultura, e ex-ministro Flávio Suplicy de Lacerda ("que, em vista de seu rigor, tornou-se a ovelha negra do Ministério Castelo Branco", página 124), Georges-André Fiechter comenta também o recente episódio da renúncia do ex-governador Haroldo Leon Peres. xxx Hoje, uma quarta-feira de decisões: o Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado reune-se para decidir se mantém o tombamento do Castelo de Lupion ou cede à argumentação do advogado Lyra Correa, representando os proprietários do imóvel, milionários William Mussi e Ramon. À noite, na Sociedade Tiro ao Alvo de Curitiba, nas Merces, aos seus 140 associados, vão escolher com qual o clube desejam a fusão; Concordia ou Thalia. A reunião vai ser quente, com discursos e acusações inflamadas. LEGENDA FOTO -1 Paul e Michele
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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22/01/1975

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