A Cidade & O Tempo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de outubro de 1974
Com dedicação, coragem e honestidade, um jovem e competente arquiteto, Sergio Todeschine Alves, 32 anos, diretor do Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria da Educação e Cultura, está procurando aplicar, 21 anos depois de sua promulgação, uma lei criada para preservar a beleza e a arquitetura da cidade. Com o apoio [unânime] do Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná, mais dos órgãos municipais, Todeschine Alves quer ver obedecida a lei 1.211, de 19 de setembro de 1953, que disciplinou a colocação de out-doors, placas e outras formas exteriores de propaganda, bem como tomou outras providências, e evitar com isto que verdadeiros atentados contra a estética e a beleza da cidade, em especial na Rua XV de Novembro, [sejam] feitos por comerciantes que buscam unicamente o lucro, e para tanto apelam para recursos visuais dos mais primários.
Após dois primeiros casos concretos de lojas que colocaram placas ferindo as determinações do Patrimônio Histórico e Artístico - Paulistana e Binoca, Sergio Alves começa a ter o apoio de comerciantes de visão que, entendendo o significado de seu trabalho, estão dialogando e colaborando para evitar a poluição visual da nossa Rua das Flores - que hoje devolvida aos pedestres merece também toda atenção no seu aspecto estético. Por exemplo, os proprietários das lojas Riachuelo, Massom, Capital das Modas e Kiko se propuseram a colaborar nesta cruzada idealística em favor da beleza da rua que Todeschine Alves iniciou. Outros empresários que agora estão instalando novas lojas na Rua XV, como os irmãos Ahmdar, que adquiriram um dos mais antigos casarões, esquina com a Rua Monsenhor Celso - onde durante anos [funcionaram] as Lojas Americanas - também souberam aceitar as ponderações do Patrimônio Histórico e estão restaurando o imóvel com bom gosto, contribuindo para que a cidade ganhe maior beleza e seja preservado o pouco que resta de nossa arquitetura mais representativa. Jovem, aberto ao diálogo, sabendo compreender as reinvidicações de cada um, Sergio Todeschine Alves está conseguindo fazer um bonito trabalho no DPHA-SEC e cuja importância será sentida ainda mais no futuro, além de hoje já merecer os elogios dos milhares de turistas que por aqui passam, entusiasmados com a Rua das Flores devolvida aos pedestres e na busca de um nostálgico passado através das fachadas bem conservadas de seus prédios.
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