A Cidade & as suas Igrejas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de setembro de 1974
O que aconteceu com a Igreja da Guanabara? A pergunta está sendo feita por centenas de pessoas que se acostumaram a encontrar no pequeno mas acolhedor templo as bonitas imagens em Altares de madeira de grande beleza. Hoje a situação é desoladora, conta uma senhora que há 40 anos passa todos seus fins-de-semana naquela praia. Os vidros da Igreja estão quebrados, faltam telhas - substituídas por pedaços de madeira - e as Imagens e os altares desapareceram.
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Embora não possa ser classificada como uma Igreja de grande importância arquitetônica e histórica, aquele templo foi tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado há muitos anos - sendo portanto inexplicável o abandono a que se encontra relegado, principalmente no que concerne aos objetos de arte sacra - em especial as imagens e os antigos altares. Ontem, o arquiteto Sergio Todeschine Alves, diretor do Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria da Educação e Cultura, passou o dia no litoral, visitando igrejas em Antonina, Paranaguá, Morretes e Guaratuba - onde pessoalmente foi verificar a situação da pequena igreja - agora com um aspecto bem mais pobre do que apresentava há 30 anos passados - quando a cidade era uma pequena vila perdida às margens do Atlântico Sul, sem o movimento que os visitantes trazem agora, principalmente nos fins-de-semana e durante as temporadas de férias.
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Depois de ter restaurado a Igreja de São Francisco de Chagas, em Paranaguá e destinada agora a sediar o Museu de Arte Sacra do Paraná, o Patrimônio Histórico trabalha para restaurar a Igreja de Bom Jesus de Saivá em Antonina, cuja construção data de 1876. Em Guaratuba, alguns valiosos óleos do pintor Guido Viaro (1898 - 1971), pintados na década de 30 e que se encontravam no interior do antigo prédio da Prefeitura, quando houve o fenômeno geológico que provocou o afundamento de uma grande faixa de terreno às margens da baia, em 1968, estão sendo restaurados, com o máximo cuidado, pela técnica Maria Esther Pinheiro Cruz, do Atelier de Restauração do Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico da SEC. As telas foram recuperadas pelos [homens-rã] do Corpo de Bombeiros e agora, pouco a pouco, num delicado trabalho de Maria Esther, uma das raras técnicas nesta especialidade em nosso Estado.
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