A Cidade & O Tempo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de abril de 1977
Num Estado tão carente de pesquisas e documentação, todos os esforços são válidos. E assim, louve-se a Marly Garcia Corrêa, bacharel em comunicação social, ex-diretora do Museu da Imagem e do Som do Paraná e há 2 anos na seção de artes da Diretoria de Assuntos Culturais da SEC, por esforçadas pesquisas que vem desenvolvendo e publicando. Uma delas focaliza o seu antepassado, Manoel Francisco Ferreira Correia (1862-1939), homem de grande visão em sua época, que deixou uma contribuição em vários setores do Estado.
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Engenheiro geógrafo formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em 1887, Manoel Francisco Ferreira Correia, trabalhou inicialmente na Inspetoria Especial de Terras e Colonização no Paraná e, em 1894, ao lado de Cândido de Abreu e Alberto Ferreira de Abreu, fez o primeiro mapa oficial do Paraná, com desenho de Marcos Leschaud, calculando então a superfície exata do Estado (240.000 km2). Naquele mesmo ano, com a baronesa do Serro Azul, sua tia (Maria José Pereira Correia) e seu primo Leocádio Correia, fundou uma gráfica, núcleo original da hoje poderosa Impressora Paranaense. Manoel Correia foi ainda editor do "Diário da Tarde" por um ano (1904/5) e do "Almanaque Paranaense", cuja coleção - hoje raríssima - contém importantes dados sobre o nosso Estado no início do século. A pesquisa de Marly Garcia Correia sobre o seu avô, teve um título apropriado: "O Colonizador Esquecido".
Outro trabalho de Marly Correia, este mais reduzido e, infelizmente, com poucas ilustrações (compreensíveis, pelas limitações financeiras para sua edição) é sobre o prédio do "Gymnásio Paranaense", entre as ruas Cruz Machado, Saldanha Marinho e Dr. Murici, sede da Diretoria de Assuntos Culturais e Secretaria da Fazenda. Iniciado em 1903, o prédio foi concluído a 31 de agosto de 1904, na administração do Dr. Francisco Xavier da Silva, com um custo de Cr$ 162.598.270. O nome "Gymnásio Paranaense" foi mantido até 25 de março de 1943, quando passou a denominar-se Colégio Estadual do Paraná, passando, quatro anos depois (29/3/1950) para a Avenida João Gualberto.
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A idéia de Marly Correia em levantar a história dos prédios de Curitiba é das mais interessantes. Aliás, é uma pena que até hoje a Fundação Cultural ou o Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado não tenham feito um planejamento racional, capaz de garantir a preservação (fotos, filmes super 8) da fisionomia arquitetônica da cidade. Inclusive, uma idéia levada a Prefeitura, ainda na gestão Jaime Lerner, mas que não foi aceita, era de obrigar a todo proprietário de imóvel antigo, ameaçado de demolição, fazer uma completa documentação sobre o prédio. Bem como, os novos prédios terem uma ficha técnica (área, custo, informes sobre projetos etc.) devidamente arquivado. Pois, o que hoje é supérfluo, amanhã fará parte da história.
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