A cidade, as ruas & os nomes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de outubro de 1974
Existem na cidade aproximadamente 2 mil ruas ainda sem nomes, o que não deixa de ser um prato apetitoso aos vereadores desejosos de prestarem homenagem a quem (acham) merece designar nossas vias públicas. Ao lado das iniciativas do Legislativo, há também as mensagens do próprio Executivo municipal, propondo designações às ruas e logradouros, sendo que neste aspecto, há muito, existe a intenção de uma melhor nomenclatura, agrupando por bairros ou setores, nomes ligados entre si. Por exemplo, num bairro nomes de escritores, em outro de estadistas, e num terceiro de compositores. No Bacacheri existem alguns quarteirões com ruas em homenagem ao continente americano, o que facilita - e muito - a localização dos endereços, assunto sobre o qual já nos referimos nesta coluna. Outra idéia das mais interessantes, mas à espera de concretização (quando será?) é de dar nomes de compositores, músicos e cantores populares, de grande significado artístico, para um bairro, que teria, no centro, a Praça Pixinguinha.
Entre as centenas de decretos de denominações de ruas, assinadas nas últimas semanas pelo prefeito de Curitiba, dois destaques. A escolha dos nomes de Theodorico Furtado (1914-1956) são homenagens que se prestam a pessoas que dedicaram durante todas suas vidas ao serviço público, num trabalho, mas de significado. Theodorico foi, durante mais de 30 anos, tesoureiro da prefeitura de Curitiba, além de ter ocupado importantes funções na Fundepar, da qual foi um dos primeiros diretores. Já, Ivete Fonseca de Siqueira, durante 27 anos trabalhou no Departamento de Arrecadação de Rendas, período em que nunca teve uma única falta. Seu pai, Adelio Siqueira (1884-1928) foi um dos pioneiros da incorporação de lotes da cidade, tendo inclusive dado nome ao bairro da Campina do Siqueira.
Agora, uma sugestão: no dia 8 de dezembro, será o 10º aniversário da trágica morte (na praia de Caiobá) do jornalista Maury Furtdo (1938-1964), um dos mais estimados profissionais da imprensa paranaense, onde se destacou com repórter e cronista, apesar de poucos anos de carreira. Ligado à vida artística da cidade, desde seus tempos de garoto-prodígio no programa "Clube Mirim M-5", na Rádio Guiaracá, Maury também fez teatro e era um sensível poeta e escritor. A designação de uma rua com o seu nome seria homenagem das mais merecidas à sua memória.
LEGENDA FOTO: Pixinguinha
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