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Aramis

Nomes ou palavrões (I)

Um dos mais originais pesquisadores do Nordeste, o escritor Mário Souto Maior, autor de uma numerosa obra na qual se destaca o "Dicionário Folclórico da Cachaça" a respeito da qual já nos referimos nesta coluna e que trabalha atualmente num livro sobre Sogras (Prós & Contras) e no aguardado Dicionário do Palavrão e Termos Afins - ampliou o seu estudo sobre "Nomes Próprios Pouco Comuns" - há dois anos publicado como artigo de 14 páginas na Revista Brasileira de Folclore, que tem agora uma edição nacional da Livraria São José, do Rio de Janeiro. Diretor do setor de intercâmbio do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, em Recife, Souto Maior levantou em seu estudo de 117 páginas, mais de mil nomes próprios extravagantes, "motivo de riso, que faz sofrer seu portador em benefício do fígado alheio, mas sua motivação é sociológica e psicologicamente séria, pelo que entremostra de gostos, idéias e hábitos dos brasileiros", como acentua o poeta Carlos Drummond de Andrade na crônica que abre a edição. Na hora de colar ao filho uma etiqueta para toda a vida, não só a imaginação se põe a trabalhar. Entram em jogo o espírito religioso, a definição política, a fascinação por supostos heróis do dia, o desejo de transferir ao recém- nascido virtudes e glórias de um modelo prestigioso, pela identidade onomástica. E assim, Mário Souto Maior levantou nomes dos mais estranhos - onde até o poeta paranaense Emiliano Perneta (1866-1921) é lembrado, por seu sobrenome pouco habitual. Mas a pesquisa de Souto Maior tem coisas inacreditáveis, porém documentadas em registros. Eis alguns exemplos: Abrilina Décima Nona Caçapavana Piratininga de Almeida; Agrícola Beterraba, de Fortaleza, Ceará; Alayde Ribeiro Brandão do Monte, viúva do dr. Queima do Monte; América do Sul Brasil de Santana; Antonio dos Remédios Mata Fome; Antonio Manso Pacífico de Oliveira Sossegado; Antonio Morrendo das Dores; Antonio Treze de Junho de Mil Nocecentos e Dezessete; Ariosto Dezembrino de Souza de Bom Jardim, Pernambuco; Nasceu no Mês de Dezembro; Ariqueta Dadinho Neto Louro das Cotias; Arquiteclínio Petrocoquínio de Andrade Cunha; Audobrantina Moema Cearenciana; Azarias Califrouchon Borges Neuplides Panteon. Estes apenas alguns dos nomes iniciados com a letra A, de forma que o assunto do livro - ainda inexistente nas livrarias do Paraná - merece [seqüência].
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
17/09/1974

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