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Aramis

Cinema

Hoje, com duas sessões plenárias pela manhã e tarde e a sessão de encerramento, às 21 horas, chega ao fim a VIII Jornada Nacional de Cine Clubes, que trouxe a Curitiba cineclubistas de vários Estados, além de dirigentes de entidades ligadas à cultura cinematográfica em nosso País: Cinematecas, INC, Museus, etc. Interrompido desde 1968, quando foi realizada a Jornada de Brasília, o encontro de Curitiba foi uma salutar oportunidade de pessoas que se interessam pelo cinema de arte trocarem idéias, discutirem problemas comuns e proporem soluções - num ambiente de sadio congraçamento, proporcionado pela soma de esforços da Fundação Cultural de Curitiba, Conselho Nacional de Cine Clubes e a colaboração da Paranatur e Fundação Teatro Guaíra. Do encontro, sai fortalecida, por certo, a consciência da necessidade de diminuir entidades de cultura cinematográfica - seja idealisticamente através de cineclubes, sem finalidades comerciais, seja em bases empresariais como os cinemas de arte, desde que dirigidos com consciência e honestidade. O Paraná, em termos de cineclubismo, ainda engatinha: no Norte do Estado, graças ao trabalho do jovem Carlos Eduardo Lourenço Jorge, lúcido crítico de cinema da "Folha de Londrina", funcionam cineclubes em Londrina, Maringá e Apucarana - com possibilidades de virem a ser criadas outras entidades em cidades vizinhas. Em Curitiba, desde 1966, quando José Augusto Iwersen encerrou as atividades do cine clube Pró-Arte, que nada existe neste setor. Nestes últimos nove anos, as promoções de cultura cinematográfica se devem mais a iniciativas de representações diplomáticas - quando elas trazem festivais de filmes de seus países e, a partir de 1971, na esfera municipal, inicialmente através do Departamento de Relações Públicas e Promoções da Prefeitura e, a partir de junho do ano passado, pela Fundação Cultural. É claro que muitas pessoas se preocupam com o bom cinema entre nós, mas em termos concretos, foram poucas as realizações capazes de sobreviverem. A Fama Filmes, que domina 90% das casas exibidoras, embora comercialmente ponha os olhos nos gordos lucros que o chamado cinema de arte pode trazer (estão aí os exemplos da Guanabara e São Paulo) até agora não se conscientizou de que a coisa só funciona com orientação de especialistas, gente que entenda do assunto e que saiba programar com eficiência as chamadas "fitas malditas". De nada adiantará fazer do cine Palácio, quando reconstruído, um cinema de arte com uma programação inexpressiva, sem a devida promoção. Em Londrina, o recém-inaugurado Cine Com-Tour, está tendo sucesso com suas sessões de meia-noite, aos sábados, porque o proprietário, o paulista Pedrinho Pedutti, entregou a um crítico Carlos Eduardo Lourenço Jorge, esta responsabilidade. O que todos querem é ver filmes importantes como "Mama Roma" de Pasoline (foto), "Balthazar" de Robert Bresson - inéditos em Curitiba quase cinco anos após suas estréias na GB e São Paulo - ou ter a chance de rever obras-primas como "O Ano Passado em Mariembad" de Resnais, "Jules et Jim" de Truffaut ou "Os Maridos" de John Cassavetes, desperdiçados em suas anônimas estréias.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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03/02/1974

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