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Aramis

Homenagens, política e filmes do cineclubes

Ao agradecer a homenagem que recebeu domingo à noite, na abertura da XVIII Jornada Nacional de Cineclubes, o vereador Maurício Azedo, presidente da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, falou como cineclubista e jornalista. Especialmente como o entusiasta redator da "Carta de Brasília", documento que há 10 anos passados os cineclubistas reunidos no Teatro do Paiol aprovaram para dar novos caminhos ao movimento no Brasil. A intervenção de Azedo, um dos mais atuantes políticos jovens do Rio de Janeiro, eleito pelo PDT e que tem uma elogiada atuação na presidência da Câmara de Vereadores naquela capital, foi intensamente aplaudida - numa noite em que os cineclubistas homenagearam também a memória dos cineastas Aníbal Requião e Humberto Mauro, a Mário Peixoto - ausente da sessão, mas representado por uma jovem cineclubista carioca e o crítico Paulo Fontoura Gastal, 62 anos, 42 de jornalismo, o mais respeitado nome da memória cinematográfica em Porto Alegre, criador e diretor por 10 anos do Festival do Cinema de Gramado. Segunda-feira, na primeira sessão plenária, após o professor José Tavares de Barros, da Universidade Federal de Minas Gerais e presidente do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, ter feito uma didática palestra sobre a história do cineclubismo no Brasil, o vereador Maurício Azedo voltou a falar com a energia e entusiasmo que o caracteriza. Respondendo uma pergunta de um cineclubista em torno da ação que ele, como ex-dirigente do cineclube Macunaíma - e hoje participando do poder como vereador - pode desenvolver em favor do movimento, Azedo fez jus ao seu sobre-nome na crítica que externou ao atual secretário da Cultura do Rio de Janeiro. Em seu entender, Darcy Ribeiro - "uma espécie de "czar" da cultura oficial carioca" e está distante de uma programação cultural mais ampla, ao ponto de ter afirmado, recentemente, a um grupo de cineclubistas, que em seu entendimento a cultura só tem maior significado se obtém reflexos na Europa". Uma colocação bastante discutível, capaz de provocar irritação de próprios companheiros do partido do sr. Darcy Ribeiro, como fez o vereador Maurício Azedo. xxx Infelizmente, por compromissos pessoais, tanto Maurício, como Gastal, Tavares de Barros e Cosme Alves Neto, conservador da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, retornaram ontem, a tarde, às suas cidades. Entretanto, suas presenças na abertura da jornada dos cineclubistas foi importante - fortalecendo este movimento que reúne cerca de 300 dirigentes de aproximadamente cem associações preocupadas com a cultura cinematográfica Inquietos, questionadores, voltados a uma realidade política atual e, especialmente preocupados com a valorização do cinema brasileiro, os participantes desta XVIII Jornada dão seqüência a um movimento iniciado nos anos 30, pelos pioneiros do Chaplin Clube - o primeiro cineclube do País - e que ao longo dos 40 e 50, entre tantos animadores entusiastas teve o paulista Carlos Vieira, também merecidamente homenageado na noite de abertura. xxx Paralelamente as sessões plenárias que se desenvolvem no Colégio Estadual do Paraná - onde estão hospedados os participantes - duas programações cinematográficas paralelas, de significado especial. No cine Groff, na mostra de filmes inéditos, será exibido hoje, às 19 e 21 horas, "O Baiano Fantasma", de Denoy de Oliveira - melhor filme do Festival de Gramado - 1984. Denoy deverá estar presente no debate após a segunda sessão. N a Cinemateca do Museu de Arte Moderna, na mostra do cinema independente, vários curtas-metragens inéditos, em sessão a partir das 19h30min: "Amazonas, Amazonas", de Glauber Rocha; "Frei Tito", 1983, de Marlene França; "Semeio Vento em Minha Cidade"(Siembro Viento em mi Ciudad), Cuba, documentário sobre Chico Buarque realizado em cuba; "Não nos Moverão", documentário que reconstitui o governo Allende desde a ascensão da unidade popular até o golpe militar de 1973.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
24/07/1984

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