CINEMA
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de fevereiro de 1973
Fellini, falando sobre "JULIETA dos Espíritos" (hoje, 20,30 horas, última exibição no Brasil, no cinema Flórida - Rua Marechal Floriano), disse: "Um filme sobre Giuletta e para Giuletta Masina" (foto). São evidentes, como lembrou o crítico Moniz Viana, as aproximações entre este filme (1965) com "Oito e Meio"(1962). E, "Otto e Mezzo", ao longo das reminiscências pessoais que Fellini emprestou a Marcello ( vivido por Mastroianni), também um diretor de cinema que ultrapassa "a metade do caminho de sua vida", havia muitas infidelidades, revestida de nova importância porque já está encaminhando uma decisão, vem a ser suspeitada ou pressentida pela mulher, agora Giulietta. É a crise que ela experimenta - contida no plano real, mas em alucinante disparada, no plano da imaginação - liga "Giulietta" a " Otto e Mezzo": é a mesma situação vista de dois ângulos diferentes" (...) A técnica narrativa de "Giulietta degli Spiriti" é um prolongamento da empregada em "Oito e Meio", avançando a câmara no rumo de uma vidente e deliberada extravagância, justificada pelo grande número de situações oníricas ou próximas do terreno do sonho, e estimulada pela cor - esta só usada pôr Fellini anteriormente uma vez (no episódio de Boccacio 70) e sem a liberdade, o delírio, quase o êxtase que o cineasta procurou exprimir nesta sua segunda e definitiva experiência. A cor felliniana é tão diversa, tão surpreendente, que houve quem suspeitasse de que o realizador agira sob o efeito do LSD". Amanhã (domingo) e segunda-feira, também no cine Flórida, serão feitas as últimas exibições no Brasil de "O Dilema de Uma Vida" (I) disserto Rosso) de Antonioni, cujas cópias, a exemplo de "Julieta dos Espíritos", serão inutilizadas na terça-feira para nunca mais serem projetadas no Brasil.
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