CINEMA
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de fevereiro de 1973
"O Dilema de uma Vida"(hoje e amanhã, últimas exibições no Brasil, no Cine Flórida), a exemplo de "Julieta dos Espíritos" de Felline, também foi o longo nona-metragem de Michelangelo Antonione e sua primeira experiência com a cor. Lançada no Brasil somente no primeiro semestre de 1969 (e em Curitiba projetada uma única semana no Cine Marabá). "Il Deserto Rosso" marcou, no entanto, um retorno ainda mais concentrado ao estudo do comportamento neurótico - exaustivamente explorado pelo autor da trilogia formada por "A Aventura" (59), "A Noite" (60) e "O Eclipse" (61). A câmara, mais ainda do que em "L' Avventura", persegue a protagonista (Monica Vitti (foto), cercava ininterruptamente, ressalvado sempre o distanciamento intelectual de Antonioni, "que raras vezes assume a posição do personagem, que olha para o exterior", como escreveu o crítico José Lino Grunewald, que indagou ainda em comentário publicado no "Guia de Filmes", como escreveu o crítico José Lino Grunewald, que indagou ainda em comentário publicado no "Guia de Filmes" se, depois de tantas peripécias neuróticas, segundo a compreensão rigorosa do filme, de uma nota só, caberia nova incursão, haveria novas coisas para mostrar? Utilizando a cor com efeitos fascinantes usando de propósito um tom acinzentado, enevoado, com raros contrastes de tonalidades vivas. Antonione transformou-a num suporte visual para o conteúdo, da mesma maneira que os ruídos irritantes da fábrica, aliados aos trechos com música eletrônica. Realizado principalmente em função do personagem Giuliana (Monica Vitti), que sofre de aguda depressão, que seu marido atribui a um acidente automobilístico. "O Dilema de Uma Vida" foi lançado no Brasil após "Blow Up... Depois daquele Beijo" 9realizado por Antonione, na Inglaterra, em 1966), o que, de certa forma, prejudicou o seu entendimento. De qualquer maneira, um filme que ninguém pode perder hoje, nesta última oportunidade de projeção.
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