Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de janeiro de 1973
Para quem, na década de 60, soube curtir os filmes de michelangelo Antonioni - "Aventura"(59), "A Noit" (60) e "O Eclipse" (61), a oportunidade de (re)ver hoje o filme cronologicamente interior a esta trilogia "da incomunicação' - "As Amigas" (Teatro do paiol, 20 horas) é oportunidade que não pode, de forma alguma, ser despertiçada. Em seus filmes, de "Cronaca di um amore-Crimes d`"Alma" (exibido sexta-feira, no paiol) a "Zabriskie Point"(rodado nos EUA, proibido no Brasil), Antônio procurou sempre descobrir onde o homem se situa num mundo em crise: humana, moral, ética, religiosa, politicamente. Sobretudo descobrir, num mundo sem Deus quase sempre condicionado a normas ideológicas e amarrado a padrões de comportamento onde o indivíduo se coloca. Da filmografia de Antonione, afora seus oito documentários, duas obras realizadas em 1953, jamais foram lançadas no Brasil: "La Signora Senza Camelie" e o episódio "Tentando Suicidio" de "Amaro In Citá". Em 1955, Antonione realizou o documentário "Uomini in Diu" e "As amigas"- filme dos mais importantes e que põe muitos anos permaneceu escurecido em sua obra, só sendo revalorizado após a promoção que teve após a trilogia "L`Avventura-La Notte-L`Eclisse". Aliás, "O Grito" (II Grito, 1957), para muitas uma das obras mais amargas do cinema, contemporâneo, também só teve lançamento no Brasil na década de 60. E, em março próximo, este filme igualmente pouco conhecido de Antonione, Será exibido no Teatro do Paiol, nove anos após ter sido projetado, uma única semana, no Cine Glória.
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