Tudo é Fita
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de janeiro de 1973
O empresário Júlio Kruguer está furioso com os bostos de que teria vendido as Produções Guaíra e estaria deixando Curitiba. Realmente, o jovem Ney Pulido - atualmente rodando uma fita nos arabaldes da cidade - interessou-se em adquirir a empresa, chegando inclusive a negociação adiantadas, mas o negócio não se completou e Júlio continua a produzir, << agora com mais serviço do que nunca >>, pois afinal dispõe de excelente equipamento e saber escolher bons técnicos para realizar os trabalhos que contrata. * Um detalhe que foi esquecido por Ney Pulido e a equipe que está rodando seu filme: << O Incidente >> é o título de uma excelente fita de Larry Peerce, lançada no Brasil há cinco anos. Título este que, por sinal, muita gente confundiu com << O Acidente >>, de um filme do inglês Joseph Losey. Seria interessante que os rapazes encontrassem um nome mais original para o seu filme onde as atrizes aparecem em trajes sumários, conforme as fotos que tem sido entregues nas redações dos jornais pelo sr. Laertes Moreira, integrado também na produção. * Falando em cinema local, Florisval Lopes, da Reflivo, vai a Brasília em fevereiro, levando o cineasta Pena Filho para que explique na Censura o significado de alguns diálogos de << O Diabo Tem Mil Chifres >>, comédia rodada no Paraná e Santa Catarina há 2 anos e que ainda não obteve o OK para ser lançado. Também << Inocentes, Porém Ingênuos >> de José Vedovato não foi libertado, enquanto que << ... E Ninguém Ficou em Pé >> está em fase de laboratório. São três filmes nos quais Flores investiu muitos mil cruzeiros. * Enquanto o empresário Nino Fontana estuda se vale a pena continuar com o cine Marajó ou é melhor transformar a casa num supermercado, o exibidor Albano Woelner entregou o antigo cine Flórida à família Campos Hidalgo. Antes que o prédio da Rua Marechal Floriano Fosse transformando também em supermercado. Egom Prim, o homem da Condor no Paraná, associado ao seu mano, Edgard, adquiriu o imóvel e vai reformá-lo como cine Imperador >>, mesmo nome do posto que os dois manos já exploram há muito tempo. Ligado à cinematografia há quase 10 anos, sabendo aproveitar bons filmes comerciais, Egom pretende vencer o desafio da televisão, que esvazia cada vez mais os cinemas de bairros. * Outros exibidor de bairro, o Jorge de Souza, do cine Morguenau (fundado em 1919, o mais antigo da cidade) desistir de lançar filmes japoneses, que entretanto só lançam seus filmes no Norte do Paraná. * Com a vinda ao Paraná do diplomata Mirko Ostojic, Embaixador da Iugoslávia no Brasil, uma mostra denominada << 10 anos de desenhos animados iugoslavos >> (1961-71), constante de 19 filmes curtos poderá ser mostrada no Paiol, dias 1.º e 4, em sessões franqueadas ao público, caso seja instalada a tempo a aparelhagem em 35mm. São filmes realizados nos estúdios de Zagreb, que revelam a capacidade dos desenhistas iugoslavos. * E para quem gosta de curtir os filmes de Antonione, hoje e amanhã, duas chances de conhecer fitas da primeira fase do cineasta italiano: << Os Vencidos >> de 1953 e << As Amigas >>, de 1955.
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