Pouco público para bons filmes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de novembro de 1977
O próprio Francisco Alves dos Santos, um dos raros críticos de cinema de atuação regular em Curitiba e o maior entusiasta pelo cinema nacional, está desanimado com a pequena afluência de público às sessões das 22 horas, no Cinema 1, onde até domingo, estão sendo lançados importantes filmes. De segunda-feira para cá, o público tem diminuído, em que pese a excelência de algumas das fitas, como "Crueldade Mortal", de Luiz Paulino, exigido na quarta-feira para menos de 100 espectadores.
Baseado num fato real, ocorrido na baixada fluminense em janeiro de 1970 - o linchamento de um velho nordestino, acusado de atos libidinosos - "Crueldade Mortal", produção de Pedro Robai, é um filme denso, sério, sociologicamente amplo em suas denúncias. Lembra, a maneira brasileira, um clássico do cinema americano dos anos 60 - "Caçada Humana" (The Chase, 1965) de Arthur Penn.
Jofre Soares - veterano ator que aparece também em 3 outros filmes desta mostra ("Morte e Vida Severina", "O Cordão de Ouro" e "Quem Matou Pacífico ?") - tem em "Crueldade Mortal" uma das grandes interpretações de sua vida, ao lado de um bom elenco de suporte, destacando Marieta Severo, a sra. Chico Buarque de Hollanda, vive outra erótica personagem em "Gente Fina é Outra Coisa" de Antônio Calmon (amanhã, cines Bristol, São João e Rivoli).
Um dos filmes mais aguardados da mostra "Gordos e Magros", não será mais exibido. Seu produtor, percebendo que uma exibição em sessão de pouco público esvaziaria as chances de um próximo lançamento em circuito normal, proibiu que o filme fosse mostrado. Em seu lugar, veio uma comercial fita de Jece Valadão: "Quem Matou Pacífico?"
Enviar novo comentário