Os inéditos nacionais
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de novembro de 1977
A semana de lançamentos do cinema brasileiro, que começa segunda-feira no Cinema 1, dará oportunidade ao público interessado em conhecer, em primeira mão, sete filmes concluídos há pouco tempo e que, pelo seu significado, mostram novos (tempos( e que, pelo seu significado, mostram novos caminhos do nosso cinema. A promoção, coordenada regionalmente pelo crítico Francisco Alves dos Santos, abre na segunda-feira com "Morte e Vida Severina", de Zelito Viana, inspirada no auto de João Cabral de Melo Neto - que encenado por Silnei Siqueira, há 11 anos passados, representou o Brasil no festival de Teatro de Nancy França. A trilha sonora, utilizando canções que Chico Buarque compôs para aquela encenação original, mais arranjos de Airton Barbosa, acaba de ser editada em lp, pela Marcus Pereira, "Morte e Vida Severina" já tem dois prêmios: "Margarida de Prata", da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e melhor montagem, no Festival de Brasília.
Os outros filmes do Festival são igualmente estimulantes: "Ladrões de Cinema", de Fernando Coni Campos; "Crueldade Mortal", de Luís Paulino dos Santos, "Ajuricaba, O Rebelde da Amazônia", de Osvaldo Caldeira; "Gordos e Magros", de Mário Carneiro, "Cordão de Ouro", de Antonio Carlos Fontoura, e "Lucio Flavio, Passageiro da Agonia", de Hector Babenco. Esse último, roteiro de José Louzeiro, enfoca a vida de Lúcio Flávio Vilar Lírio, o criminoso de mais alto QI, que morreu assassinado em sua cela na prisão após ameaçar denunciar os nomes dos policiais integrantes do "Esquadrão da Morte".
Falando em cinema, assessores da Embrafilmes, ligados diretamente ao presidente Roberto Farias, irritaram-se ontem ao tomarem conhecimento da discriminação feita pela direção da Escola Técnica Federal do Paraná contra o crítico Francisco Alves dos Santos. O bom Chico, que já por três vezes integrou juris em mostras de prestígio nacional - ao contrário da que se realiza em Curitiba, neste fim-de-semana, foi "castigado" pelos coordenadores, porque, em seu legítimo direito de crítica, no ano passado fez ponderações com relações ao festival. Mas, em sua bondade cristã, ex-seminarista, Francisco ignorou essa maldade e esqueceu o incidente.
LEGENDA FOTO - Nelson Xavier e Maria Silvia em "Gordos e Magros".
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