Login do usuário

Aramis

Clássicos

Excelentes opções para quem aprecia a música clássica continuam a serem colocadas, quase que semanalmente, nas lojas graças a política de abertura para esta área por parte das melhores gravadoras. Tanto a Polygram, como a Odeon/EMI, CBS e mesmo RCA, que durante anos foram bastante tímidas em suas edições, decidiram ampliar seus suplementos, numa disputa em que o colecionador é que sai ganhando. Elepês, álbuns duplos e mesmo coleções que normalmente demorariam meses ou anos para serem editados, no Brasil, saem agora simultaneamente à colocação no mercado internacional, ou mesmo antecipadamente, como faz a multinacional Ariola, também de olho no mercado ao antecipar em nosso País, o lançamento do primeiro lp com o pianista João Carlos Martins, interpretando a obra completa de Bach, num projeto dos mais ambiciosos, previsto para vários meses. Enquanto o lp de João Carlos Martins, excelente pianista que ficou, devido a um acidente, afastado por anos dos teclados, deverá demorar algumas semanas para ter sua divulgação local, a Polygram, que representa no Brasil o imenso (e perfeito) catálogo da Deutsch Grammophon, lança dois lps com a pianista Martha Argerich, considerada uma das mais importantes pianistas comtemporâneas D. Maurice Ravel (1875-1937), Martha interpreta "Gaspard de lá Nuit" (obra com o subtítulo de "3 poémmes pour piano d'apres Aloysius Bertrand"), "Sonatine" e ""Valses nobles et sentimentales". Já de Johann Sebastian Bach (1685-1750), temos na sensibilidade pianista de Martha Argerich, a "tocata em dó menor" e a famosa Suite Inglesa n.2, em lá, composta em 1722. Já com a pianista russa Bella Davidovich, que fixou residência em Nova Iorque em 1978, com seu filho violonista Dimitri, temos também pelo selo Philips, duas peças de Robert Schumann (1810-1856). No lado A, o clássico "Carnaval", onde Schumann retratou amigos e personagens imaginários, reunidos em sua visão ideal de um carnaval alemão. No lado 2, o "Humoreske", opus 20, onde não só descreve os muitos estados de alma de Schumann mas demonstra, também, todos os elementos característicos de seu estilo pianístico. A interprete, Bella Davidovich, venceu o concurso de Chopin, em Varsóvia e antes de se fixar nos EUA, deu mais de 40 concertos com a Orquestra Filarmônica de Amsterdam. Outro elepê indispensável a quem aprecia os mestres do piano é com Alfred Brendel, 49 anos, filho de uma família de origens austriaca, alemã, italiana e checa, considerado como um dos mais sensíveis e bem dotados pianistas de sua geração. Em 1949 já obtinha uma premiação internacional (competição Busoni) e, em 30 anos, fez uma carreira notável, com recitais em vários continentes. Seu repertório abrange de Haydn a Schoenberg, com especial ênfase nas obras para piano de Beethoven, Schubert e Liszt e ainda os concertos para piano de Mozart. Em edição da Philips, Brendel interpreta a "Sonata em dó menor", de Franz Schubert (1797-1828) e quatro "Impromptus", do mesmo autor. O mesmo pianista, em outro lp (Philips, 9500442), só que com a participação do Quarteto Cleveland Donald Weikestei (violino), Martha Strongin Katz (viola), Paul Katz (violoncelo) e James Van Demark (baixo), executa o "Quinteto em lá maior, opus 114" ou "A Truta", que se constitui, ao lado da Sinfonia em Si menor ("A inacabada"), a obra instrumental mais conhecida de Schubert. Diz o musicólogo Wof Konold que costumava-se, muitas vezes, considerar o quinteto "A Truta" como uma das obras típicas de Schubert, cujo ser se esprime melodicamente a para a qual a forma é só a moldura exterior. Olhando-se porém mais a fundo vê-se logo que a obra não só na sua extensão e composição, como também a pretensão estrutural, pode ser considerada como peça de música de câmara importante e madura, sem que isto diminua o significado da melodia. Outro quinteto de Schubert o para cordas em dó maior, opus 965, composto durante o verão de 1828, possívelmente entre agosto/setembro, nos é oferecido agora, em edição Polygram/Deutsch Grammophon, com o Melos Quartett Stuttgart e a participação do violoncelista russo Mstislav Rostropovich, hoje regente da Sinfonica de Washington. O Melos Quartett Stutgart é formado por Wilhelm Melcher (1o violino), Gerhard Voss (2o violino), Hermann Voss (viola) e Peter Buck (violoncelo). Aos apreciadores de Schubert, há ainda outro importante álbum: com o Quartett Collegiu aureum, em edição da Harmonia Mundi/Copacabana, temos três peças para quarteto de cordas de Schubert, denominadas popularmente de "Der Tod und das Madchen", "Death and the Maiden" e "La Jeune Fille et lá Mort". O Quartett Collegiu Aureum é formado por Franjosef Maier (1o violino) Gerhard Peters (2o violino), Kalheinz Steeb (viola) e Rudolf Mandakla (violoncelo). Xxx Aos que apreciam Salvatore Accardo e o sabem considerar com o maior violonista clássico da atualidade, torna-se indispensável a inclusão na discoteca de quatro novas gravações, onde este virtuoso italiano, formado pelo Conservatório San Pietro a Majella, em Nápoles, e que, aos 39 anos, é um dos maiores nomes internacionais do gênero erudito, interpreta obras do mestre dos mestres em seu instrumento. Nícolo Paganini 1782. Em álbum duplo (Deutsch Grammophon, 2351009/010) interpreta os 24 "Caprichos" que Paganini compôs provavelmente por volta de 1800, quando de seu retorno a Genoveva. Com a Londo Philarmonic Orchestra, sob a regência de Charles Dutoit, o mesmo Accardo gravou os concertos para violino n. 2 "La Campanella" (em elepê complementado com "La Primavera", sonata para violino e orquestra em la maior e introdução e variação sob o tema "No piú mesta" da "La Cenerentola", de Rossini): o concerto n. 4, em ré menos (complementado por "Sonata Napoleone" e "I Palpiti" e, num terceiro lp o Concerto n. 5, em lá menor (complementado por "Maestosa Sonata Sentimentale"). Nestes quatro discos, um documentário expressivo da obra de um dos gênios da música, na interpretação de um dos melhores músicos de nossa época, e que, há pouco tempo, ainda, foi aplaudido no audítório Bento Munhoz da Rocha Neto. Xxx A CBS, mesmo com lançamentos mais parcimoniosos do que a Polygram/Odeon, também tem colocados muitos e importantes discos eruditos na praça. É o caso de dois concertos para piano e orquestra de Sergei Prokofief (1891-1953), com Gary Graffman como solista e a The Cleveland Orchestra, sob regência de George Szell. Trata-se do concerto n. 1, que teve sua primeira apresentação a 7 de agosto de 1912 e o Concerto n. 3, que estreou a 17 de dezembro de 1921, em Chicago, quando Prokofief participava dos ensaios para a premiére de sua ópera "O amor das Três Laranjas". São das obras que mostram Prokofief em sua juventude, "de um mestre cujo senso de juventude perpassa até mesmo as obras mais sérias de seus últimos anos, mas que sendo obras jovens, em espírito, são maduras na arte e universais em conteúdo", como escreveu a musicóloga Nacy K. Siff.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
15
17/08/1980

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br