Colonialismo Cultural (II)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de março de 1978
Quando insistimos em chamar a atenção para a música sertaneja, em seus aspectos sociológicos (e na estéticos) o fazemos por continuar a acreditar das possibilidades que existem neste gênero para compreender muitos fatos relativos a transformação do comportamento de imensas faixas da população rural brasileira Pedro Bento e Zé da Estrada, uma das duplas mais ricas do cancioneiros caboclo, dezenas de elepes gravados na Continental, dão mais uma prova disto: gravaram "Castelo de Sonhos", de autoria de Walter Basso, jovem compositor de Marechal Cândido Rondon, parceria com o divulgador José Maria Oliveira, num compacto duplo, onde, na capa, aparecem vestidos como "mariachis". Walter Basso, apesar de suas origens rurais, já é um exemplo de compositor que recusa as reízes da terra e tenta fazer canções com influências pop, inclusive americana. O resultado só pode ser lamentável e agora seu "Castelo de Sonhos" - que em sua voz já vendeu mais de 30 mil cópias - aparece como gorgeios mexicanos. No mesmo disco, Pedro Bento e Zé da Estrada atacam com uma "homenagem a divisão de mato Grosso", com a canção "Coração Dividido" (Zacarias Mourão-Goiás). Aqui fica o registro.
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A propósito: vestindo seus trajes mexicanos, Pedro Bento e Zé da Estrada estarão dentro de algumas semanas fazendo temporada no circo Chic-Chic, agora instalado na Avenida João Gualberto, ao lado do Parque Alvorada.
FOTO LEGENDA- Pedro Bento e Zé da Estrada
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