Competência de Mai ajudou o fosfato que lembre a cidade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de julho de 1992
A escolha da jornalista Maí (Maria Luiza) Nascimento Mendonça, curitibana, 40 anos completados no dia 24 de janeiro, para a diretoria do patrimônio Cultural representou uma das mais felizes escolhas do prefeito Lerner na área cultural.
Profissional das mais competentes, formada em Comunicação Social pela Universidade Federal na turma de 1974, Maí tem quase 20 anos de atividades no jornalismo cultural. Começando como estagiária no Museu da Imagem e do Som do Paraná, passando depois pelo Departamento de jornalismo da TV-Iguaçu e, principalmente, em cinco anos na última (e mais atuante) fase da "Voz do Paraná" - seminário católico mas de orientação semiliberal graças a seus proprietários, Euro Brandão (hoje reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e o falecido médico Roaldo Koeller, nos anos duros da repressão, tendo como editor o jornalista Aroldo Murá Gomes Heygert, a "Voz do Paraná" divulgou corajosas entrevistas de nomes de expressão - não só das correntes lúcidas da Igreja como da política.
Ali, Maí desenvolveria uma especialidade que a faz, até hoje, ser uma das mais requisitadas especialistas na editoração de entrevistas gravadas. Sabendo trabalhar com entrevistas, depoimentos e debates (muitas vezes gravados nas piores condições), Maí até hoje lamenta não ter conseguido transferir seu know-how a outros profissionais, já que os serviços na área aumentam e, hoje, não dispõe de tempo para atender mesmo as melhores propostas. Quando, ao lado do seu então noivo, o cartunista Dante Mendonça, catarinense de Nova Trento, 46 anos, e este repórter, dividiu a editoria do suplemento "Fim-de-Semana" (O Estado, sextas-feiras), deve-se a Maí não só a participação inteligente em dezenas de entrevistas históricas, publicadas até fevereiro de 1983, quando, com seu casamento e uma longa viagem de lua-de-mel pela Europa, a edição daquele suplemento foi suspensa - e infelizmente até hoje não retomada.
Responsável pela pesquisa e editoração de mais de 50 números dos Boletins da Casa Romário Martins - num trabalho que até hoje, apesar de múltiplas responsabilidades na Diretoria do patrimônio continua a exercer (inclusive fazendo na maioria das vezes o texto final, pois mesmo buscando novos pesquisadores e redatores, até hoje faltam expertes para a área).
Assim, ao atingir o número com a série de publicações da Casa Romário Martins representa em grande parte uma verdadeira obra de Maí, que, modestamente, transfere "a equipe" os seus méritos. Preocupada em ampliar a divulgação - hoje a nível nacional dos Boletins, aumentando as tiragerns para 2 mil exemplares, buscando patrocínios da iniciativa privada para edições especiais (embora tenha orçamento de milhões, os recursos destinados à sua diretoria são reduzidíssimos). Maí acrescentou aos boletins, algumas publicações especiais. Na série "Memória da Vida", dedicou edições em formato tablóide ao desembargador James Portugal Macedo (1901-1989), Paulo Leminski (1944-1989), jornalista Renato Muniz Ribas (1928-1979), Nacim Bacila Neto (1925-1989), Irene Dias dos Santos (1925-1989); e engenheira Francette - Francisca Maria Garfunkel Rischbietter (1928-1989) e ao ator José Maria Santos (1933-1990).
Se o projeto "Memórias Curitibanas", também em formato tablóide, ficou apenas numa solitária edição (17/6/91), focalizando o quartel da Praça Oswaldo Cruz, a idéia de pequenas monografias na coleção "LeitE QUEnte" já forma uma coleção de 7 volumes, inaugurada com um dos últimos trabalhos de Leminski ("Nossa Linguagem", lançado em 28/3/89), prosseguindo com a polêmica que o advogado, pesquisador e tradicionalista Arthur Tramujas neto (1951-1992) provocou em "Passa a Cuia Tchê!" (defendendo o pioneirismo do Paraná no hábito da erva-mate, o que irritou os gaúchos), abordou "Os Catarinas do Paraná" do escritor catarinense (hoje professor da Universidade de São Carlos, SP), Dionísio da Silva, a crônica bem humorada de outro catarinense, Manoel Carlos Karam, lamentando a falta de praias em Curitiba ("Cidade Sem Mar"), as reminiscências da jornalista Rosire Gemal sobre a nevada de 17/7/1975 ("Curitiba Branca de Neve", julho/90), os vários textos esportivos reunidos em outubro/90 no "Atletiba Literário" e, por último, o delicioso texto de reminiscências comportamentais das virgens paranaenses dos anos 40 escrito por Maria Teresa Lacerda ("As Mocinhas da Cidade", agosto/91).
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