Contoras de bom visual
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de dezembro de 1984
Era inevitável: o quarto aniversário da morte de John Lennon não poderia passar em brancas nuvens. E dentro da rendosa indústria em torno do mito ex-beattle que morreu assassinado à entrada de seu apartamento, no diabólico edifício Dakota, no Central Park, NY, se aproveitam todas as motivações. Como o material que Lennon deixou gravado, quando foi assassinado, parece estar se esgotando, sua viúva, e Yoko Ono, não teve dúvidas: produziu um elepê ("Every Man Has A Woman Who Loves Him", Polygram/Ono Music) que com exceção da faixa título (na voz de Lennon) é uma reunião de suas composições, com diferentes intérpretes: Harry Nilsson ("Silver Horse", "Dream Love", "Loneliness"), Roberta Flack ("Goodbye Sadness"), Elvis Costello and the Atractions (com a participação dos Tko Horns) em "Walking On Thin Ice", o Trio ("Wake Up"), Rosane Cash ("Nobody Sees Me Like You Do"), Eddie Money ("I'n Moving On"), e os grupos Alternating Boxes ("Dagtown" Spirit Choir ("Now or Never"). A maior curiosidade é presença do filho de John e Yoko, o garoto Sean Ono Lennon, em "It's Alright", na última faixa do disco.
Enquanto isto, outro filho de Lennon - só que de seu primeiro casamento, Julian, também estréia em elepê.aqui lançado pela RCA.
Se Yoko Ono, desta vez não aparece como intérprete, outros discos de mulheres que buscam seu espaço no céu iluminado dos dólares internacionais, estão na praça. É o caso da mais jovem integrante da multi-musical família Jackson - a bela morena La Toya ("Heart Don't Lie", CBS). Como os irmãos Jackie, Tito, Jermaine, Marlon, Randy, e Michael - e as irmãs Rebie e Janet - La Toya tem conquistado um público que cada vez mais consome os discos desta cantora família. Quinta dos nove filhos de Joe e Kate Jackson, La Toya cresceu em Gary, Indiana e, depois, em Los Angeles. Crescendo num ambiente musical, era natural que a bonita La Toya também fosse conduzida às gravações. Assim, este é o seu terceiro elepê. O primeiro levara o seu nome e o segundo, "My Special Love", gerou o compacto "Shake Your To The Funk", que alcançou excelente colocação na parada americana e Catipultuou, obviamente, o seu terceiro elepê - aqui lançado pela CBS. A faixa-título é o primeiro destaque, com a participação especial do grupo musical Youth, assim como o de Howar Hewett, do Shalamar. O multitecladista George Duke o baixista Stanley Clarke também participam da faixa. "Private Joy", um dos sucessos do famoso Prince (do Police, agora ator de cinema) é apresentada em nova versão e outro destaque do disco é apresentada em nova versão e outro destaque no disco é a participação da secção de metais do Kool And The Gang. La Toya assina 3 faixas: "Reggae Night", (que foi gravada por Jimmy Cliff), é a melhor delas.
Outra bela mulher que aparece no Brasil é Cindy Lauper ("She's So Unusual", CBS), puxado pela vibração de "Girls Just Want Have Fun". Cantora, guitarrista e compositora, Cindy é novaiorquina, filha de mãe italiana e que em 1977 formou com o saxofonista/tecladista John Turi o grupo Blue Angel (primeiro elepê em 1980). "She's So Unusual" é o seu primeiro elepê solo.
Falando em belas cantoras, Sheena Easton também tem que ser lembrada. Já conhecida por ter dividido uma faixa de sucesso em disco de Kenny Rogers, agora em álbum solo ("A Private Heaven", Odeon), Sheena traz um repertório diversificado e, principalmente inédito. São canções que falam de amor, de encontros e desencontros, de sentimentos - aos quais coloca uma interpretação suave em certos momentos e elétrica em outros. Destaques para "Hungry Eyes" e "Back In The City", de Greg Mathieson um dos muitos autores novos aqui presentes.
A vinda da cantora francesa Sulvie Vartan ao Brasil, em novembro, para a festa de entrega dos prêmios Moliére, que a Air France patrocina todos os anos, laureado os artistas que mais se destacaram no cinema e no teatro, estimulou a RCA a lançar um disco desta loira e bela intérprete: "Encore". Trata-se de uma colet6anea de seus maiores sucessos - como "A Irresistiblement", "Tout Finit parle Soleil", "Le Dimanche", até uma gravação do maior clássico de Edith Piaf: "Ne Me Quites Pas".
Desde 1968 que Sylvie Vartan tem vindo ao Brasil. Fruto de sua primeira passagem por São Paulo (quando se apresentou na Fenit), incluiu em seu repertório uma versão de "Penso Que Estou Apaixonado" (Roberto Carlos). Em 1973 voltou ao Brasil, desta vez em lua-de-mel - Com Johnny Halliday, de quem hoje está separada. Naquela ocasião aqui fez um programa para a rádio Luxemburgo e acrescentou "Você Abusou" (Antonio Carlos/Jocafi) ao seu repertório.
Uma carreira internacional, com mais de 20 anos e dezenas de discos, fazem de Sylvie Vartan uma cantora francesa de grande popularidade. Mas, maldosamente, após seu show no Rio, um conhecido maestro e arranjador, a definia como "uma cruza de Wanderléa e Rosirene, dos tempos da jovem guarda"...
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