De como montar hits do momento
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de junho de 1985
Saber montar um disco com fonogramas de diferentes origens - mas identificados por um tema-estilo - é a técnica de marketing musical que dá ótimos dividendos. E ninguém melhor do que Guto Graça Mello e seus assessores da Som Livre sabem fazer este tipo de produção de baixo custo e altos lucros. Assim, mensalmente, novos elepês, descartáveis é verdade, mas altamente comunicativos são colocados nas lojas - acompanhados de maciça campanha promocional. O romantismo caracteriza, por exemplo, "Um Toque de Amor", reunindo desde Paul Anka ("Hold me til the mornin' comes") até Willie Nelson (Always on my mind"). "Lovin'You" (Opus Colúmbia) é na mesma linha, com grupos como Stix, Elton John, os desaparecidos (Carpenters ("Wer've only just begun")( ou a suave Carole King ("So for away").
Intérprete romântico por excelência, o cinquentão Johnny Mathis viu reunidos num só LP ("Johnny Mathis Live"), alguns dos maiores standards americanos - "Begin the beguine", "Misty", "A certain smile", o recente "99 miles to L.A.".
Fazendo jus aos títulos "Hit Parade" e "Hits of the moment", selecionam aquelas gravações que se destacaram no último semestre - numa colagem ajustada a quem não possui as edições originais. Enfim, salada repleta de boas frutas e muito chantilly sonoro para satisfação do grande público.
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Houve época em que a CBS mantinha uma orquestra de estúdio para lançar simultaneamente a cada novo elepê de Roberto Carlos, um disco com suas músicas em versões orquestradas. Nos últimos anos a fórmula foi abandonada mas agora surgue uma misteriosa Miami Light Orchestra, sem identificação de regente e componentes, mas com um repertório formado exclusivamente "pelos grandes sucessos" de Iglesias e RC. Assim, com a grandiosidade de cordas, muitos sopros e arranjos adocicados, sucessos como "Amada Amante", "Detalhes", "Os seus botões", ao lado dos "iglesianos" hits "Nathalie", "Manuela", etc.
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Falando em produções armadas para sucesso imediato, sem pretensões maiores, registre-se a curiosa bolação de Pedrinho Luz que reuniu "Chacrinha & Chacretes" em canções "para todas as festas", que vão de canções juninas ao "Jingle Bells". Também para festivais de adolescentes, os Vídeo Kids em "The Invasion of the Spacepeckers" (Mercuryl Polygram), catipultuam temas pausterizados como "La Bamba", "Give me that Banana", "Sky Rider" e até "A Melô do Pica-Pau".
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Aos que têm mais de 30 anos e procuram uma seleção romântica, pode-se recomendar a montagem "Au Revoir", reunindo intérpretes franceses de diferentes gerações: a eterna Edith Piaf ("Milord"), Gilbert Becaud ("Et Mainenant", (Françoise Hardy ("La Question"), Johnny Hallyday (Retiens La Nuit"), Sylvie Vartan ("La Mariza"), Adamo ("F... Come Femme", "Cést La Vie") a Richard Anthony, Kathy, France Galle entre os novos - além do indispensável Paul Mauriat e orquestra com "L'Amour est bleu".
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News faces americanos, com muita voltagem e enegia chegando na disputa do mercado: o grupo De Barge em Rhytm of the Night" (Motown/RCA) surpreende com pelo menos dois temas de filmes inéditos: a canção título extraído da sound track de "The Last Dragon" e "Single Heart", produção de Giorgio Moroder para "D.C. Cab". Quatro rapazes e uma bela moça integram este quinteto de muito swing, com canções ritmadas e brilhantes.
Já impulsionando mais na eletricidade, o Visage tem em "Beat Boy" e "Love Glove" os seus pontos mais comerciais, numa produção é formado por Steve Strange, Rusty, Egan, Steve Barnacle, Gary Barnacle e Andy Barnett.
Compositor e intérprete, Martin Briley, também guitarrista, tecladista e percussionista, é (a( múltipla presença em "Dangerous Moments" que em produção Mercury/ Polygram, aterrisou nas loja há apenas três semanas. Entre os momentos mais interessantes, "Ghost", "Alone At Last" e "Underwater". Também interessante - e merecedores, futuramente de registro mais demorado, Tears For Fears (Songs From The Big Chair, Mercury/ Polygram). Quarteto formado por Curt Smith (guitarra/vocais), Roland Orzabal (guitarra/ teclados/ vocais), Ian Stanley (teclados) e Manny Elias (bateria), Tears For Fears traz um repertório próprio, com canções soladas por integrantes do quarteto - "Mothers Talk", por exemplo, é apresentada a capela por Stevie Lange e "Broken" exibe Neil Taylor num sonoro solo de guitarra. Produção bem cuidadosa e sem estridências assustadoras tão comuns na maioria da produção pop, este Tears For Fears merece atenção.
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