Ao lado de projetos uniformes, reunindo limelights da obra de grandes autores e intérpretes - como fez com as faixas de Nat King Cole ("Songs We'll Never Forget"), Altemar Dutra ("O Trovador das Américas"), e, agora Milton Nascimento e João Gilberto, a Emi-Odeon, através de sua divisão de projetos especiais, com orientação do competente Francisco Rodrigues, também promove reedições simples - mas igualmente bem cuidadas. É o caso de "Eu Sei Que Vou Te Amar", em homenagem aos 10 anos da morte de Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes, com 18 registros marcantes de sua imensa obra - que vão de "Chega de Saudade" (João Gilberto) a parcerias com Toquinho. Há fonogramas históricos, que há muito não eram reeditados, como "Rancho das Flores", que compôs em 1960 com um parceiro morto (Bach, sobre cuja cantata fez esta belíssima marcha-rancho) na interpretação do Corpo de Bombeiros do Rio; "Monólogo do Orfeu", de 1956, para "Orfeu da Conceição", passando a muitos hits da bossa nova. Na contracapa, além de um texto jornalístico de Tarik de Souza, há a afetiva mensagem de Gilga de Queiroz Mattoso, a última esposa do poeta, que lembra que Vinícius foi revolucionário, à sua maneira, na vida e na arte e conseguiu pôr em prática toda a sua teoria poética. O binômio poesia/mulher marcou e acompanhou a sua fabulosa trajetória, conforme se vê nesta coletânia agora lançada pela Emi-Odeon. xxx Algumas gravadoras - como a CBS, Polygram e Emi-Odeon estão fazendo edições prioritariamente em cassete, visando especialmente os ouvintes que circulam - pois com o walkman e aparelhagens cada vez mais sofisticadas em veículos, o som torna-se amplamente portátil. Para esta faixa a Emi-Odeon produziu em fitas de dióxido de cromo, que garantem a melhor qualidade, uma dezena de fitas agrupando, em gêneros e eventos, hits de várias épocas. Por exemplo em "O Melhor dos Festivais" temos Milton Nascimento ("Travessia"), Evinha ("Cantiga por Luciana"), Taiguara ("Universo do Teu Corpo"), o maravilhoso "Helena, Helena, Helena" (Alberto Landi, na voz de Taiguara), "Sei Lá Mangueira" (Hermínio Bello de Carvalho, com Elza Soares) - e até uma composição defendida pelo saudoso Som Imaginário, "Feira Moderna", hoje totalmente esquecida. Outra antologia, "Muito Romântico" é um desfilar de cantores como Matt Monro, Nat King Cole, Johnny Rivers, Paul Anka, Danny Williams e outros intérpretes de hits dos anos 50/60. Já "Europa Inesquecível" traz Gilbert Bécaud, Charles Aznavour, Françoise Hardy, Pino Donagio, Marcelo Cardinari, Pietro Fontani e outros cantores italianos e franceses. Para quem prefere o som instrumental e brasileiro, "Clássicos do Choro" traz todo o ritmo de Waldir Azevedo, Joel Nascimento, Severino Araújo e Orquestra Radamés Gnatalli, Sivuca, Paulinho da Viola, Abel Ferreira e até o jovem Roberto Szidon - em grandes clássicos do gênero. A coleção prossegue com outros títulos, todos recomendáveis a quem procura a música para se ouvir durante uma viagem ou no trânsieto selvagem, para esquecer os engarrafamentos, palavrões e xingamentos dos outros motoristas.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Música

Página: 6

Data: 04/11/1990

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