Aznavour para consumo e Endrigo como sempre
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de novembro de 1974
A música francesa e italiana, na disputa do mercado brasileiro, continua, naturalmente, a perder para os lançamentos americanos e ingleses, especialmente junto [à] faixa pop. Poucos nomes da nova geração de intérpretes e compositores daqueles dois países tem sido [sequer] testados entre nós e só mesmo quando uma poderosa gravadora impõe sua representada a obrigatoriedade do lançamento de algum novo intérprete, é o que o mesmo tem sua vez e hora, pois em caso contrário apenas os nomes tradicionais - com um público mais ou menos seguro, são encontrados nas lojas. Um esquema comercial compreensível, mas que não deixa de limitar a possibilidade do público local em conhecer artistas que vem desenvolvendo pesquisas importantes no campo sonoro, embora pouco comerciais.
A RCA Victor, que agora representa a Barclay - talvez a mais poderosa gravadora da França, lança um novo disco de Charles Aznavour ("She", Barclay-104.8015), um dos intérpretes franceses mais conhecidos no Brasil, que há 14 anos nos discos Barclay vem criando muitos sucessos marcantes; "Et's Bailer Et Dormir", "Je Hais Le Dimanches", "Plus Bleua Que Teux Yeux", "Il Y Avait", "La Mama", "On Ne Sait Jamais", "Que C'Est Triste Venise", "Vivre Ave Avec Toi", "Si Je N'Avais Plus" e tantos outros. Cantor, compositor, pianista e ator, Charles Aznavour, 50 anos - completados dia 24 de maio último, começou cantando em dupla com Pierre Roche, mas a partir de 1950 passou a atuar [sozinho]. Em 1956 fez o seu primeiro recital no Teatre Olympia. Fazendo concessões comerciais, tem conquistado um público imenso, inclusive nos EUA, para o que contribui muito sua regular atividade como ator de cinema. Neste "She", que produziu ao lado do maestro Del Newman, responsável pelas orquestrações e regência neste lp comum - embora de bom nível artístico e técnico com absorção garantida pelos fãs do intérprete. Uma prova do internacionalismo do lançamento está no título em inglês e no fato de todas as faixas virem apresentadas já com o título na versão do idioma de Tio Sam e algumas parece que já compostas em [inglês]: "On Ne Sait Jamais/We Can Never Know", "I Love You Song", "I Love For You/The Meurs de Toi", "After Loving you", "Yesterday When I Was Young/Hier Encore", "She", "From To you", "Yesterday", "Our Love, My Love", "La Barraka", "You've Got To Learn".
A Chantecler, que detém no Brasil a representação da Ricordi, está lançando um novo disco de Sergio Endrigo, compositor e cantor italiano cuja popularidade pode se comparar a de Aznavour na canção francesa. Com uma obra marcante, profundamente [consciente], Endrigo é um dos autores importantes da canção italiana. Neste seu novo lp ("La Vocce dell'uomo", Chantecler, RILP 6.010, outubro/74), temos nove músicas de Endrigo. "Da quando era bambino", "La voce dell'uomo", "Perche la regazze hanno gli occhi cosi grandi", "Nelle mie notti", "Non sono la pietre colorate", "Una casa al sole", "Tu sola com me", "Gli uomini soli" e "Il nostro west" (apenas "Nelle Mie Notti" não tem letra de Endrigo: é de P. Margheri). Ao lado do conhecido Endrigo a Chantecler lança um novo cantor-compositor: Maurizio Picooli. Em "Pace" (Ricordi, RLP-6.0009, outubro/74).
O novo [intérprete] da canção italiana aparece com 10 bonitas [músicas] próprias: "Metamauco", "Uomo", "Il Delirio, La, Il Divino", "Signore", "Mille Sere", "Per Te", "Inverno", "Atmosfere", "Pieneti" e "Pace".
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