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Aramis

Melhora o nível das músicas nas novelas

Na estimulante briga de audiência, as telenovelas estão reciclando suas trilhas sonoras. Longe vai o tempo em que as canções-temas eram escolhidas apressadamente, na base do "gosto" dos diretores das séries que buscavam, antes de tudo, promover e divulgar certos lançamentos - de discutíveis méritos. Embora, naturalmente, a inclusão de uma canção numa telenovela em horário nobre signifique uma catipultuada para o sucesso, hoje se busca o nível artístico sempre que possível. Exemplo disto é a excelente trilha nacional que Mariozinho Rocha, apoiado em Iuri Palmeira Cunha e Paulo Henrique produziram para "O Dono do Mundo". Se a telenovela de [Gilberto] Braga continua apanhando na audiência para o "Carrossel" na TVS, musicalmente a seleção não poderia ter sido mais adequada. De princípio, porque abre com um dos mais inspirados momentos de Tom Jobim em sua própria voz ("Querida"), segue com Marisa Monte ("Eu Sei/Na Mira"), Luiz Melodia ("Codinome Beija-Flor") e, pela primeira vez numa telenovela, oferece João Gilberto em todo o romantismo do bolero "Una Mujer". Caetano Veloso, com sua bela voz, faz uma homenagem a André Filho com sua interpretação de "Cidade Maravilhosa". Ainda neste lado temos Roberto Carlos ("Super-Herói"), um grupo (Nova Era, na faixa que dá título à novela) e uma nova cantora, Lela Bardaró ("Amor Quente"). No lado dois, a abertura com uma nova composição de Tom, feita especialmente para Gal Costa: "solidão". Em seguida, vem João Bosco ("Sábios Costumam Mentir"), Marina ("Acontecimentos") e a revelação Orlando Moraes ("Logrador"). Para completar, entra novamente o grupo Nova Era ("Serena"), e os novatos Edmon ("Coração de gelo") e Ademir Lemos com o "rap da rapa". A minissérie "O Sorriso do Lagarto", baseado no best-seller do escritor baiano Ubaldo Ribeiro, com a trilha produzida por Carlos Alberto Sion e Roberto Tal, a também traz gente de primeira linha. Por exemplo, Djavan abre com "Mal de Mim", João Bosco comparece duplamente ("Quando o Amor Acontece", "sassão"), Maria Bethânia (com a participação especial de João Gilberto) está emocionante na junção de "Maria"(Ary Barroso/Luíz Peixoto) e "Linda Flor" (Henrique Vogeler/ Cândido Costa/ Luís Peixoto). Particularmente importante é uma canção até agora inédita em disco - "Avassaladora" de Luiz Gonzaga Jr.(1945-1991) que, ao lado de 8 outras inéditas, vinha apresentando em seu show-solo "Cavaleiro solitário". Caetano Velloso encerra, de forma brilhante, o lado A com "Outros Românticos". No lado B, o tecladista e compositor Wagner Tiso soma ao já conhecido "Baobab" (que lhe valeu o troféu no Prêmio Sharp de Música-91) a dois temas inéditos criados especialmente para esta trilha: "Lembranças" e "Tema de amor na ilha". Outro belo momento instrumental é o "Solar" de (e com) Leo Gandelman. Frente a tudo isto, Ritchie com "Mercy Steet" acaba sendo perdoado. Já trilha sonora de "Lua Cheia de Amor" traz uma seleção de Toninho Paladino feita mais para o consumo do público que está adorando esta telelágrimas estrelada por Maurício Mattar - que aparece em (dispensáveis) fotos na capa e contracapa (só mesmo para atingir o seu público é que se pode justificar esta infeliz escolha de ilustração). Entre as faixas, salvam-se Elton John ("You Gotta Love Someone"), Roberto Carlos ("Mujer") e Kenny Rogers ("Crazy In Love"). O resto fica por conta de grupos como Snap, Dream Academy, The Real Mili Vanili, The Soup Dragons, New Kids On The Block, Black Box e Inca Ahuapi Cabanas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música Clássica
4
21/07/1991

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