Sharp consolidou a festa de nosso prêmio Grammy musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de junho de 1991
Consolidando-se como o Grammy brasileiro - o 4o Prêmio Sharp de Música - chega a seu final nesta terça-feira, 2, com a entrega de troféus e polpudos cheques (US$ mil para cada premiado) em várias categorias distinguidas nesta abrangente promoção idealizada por um homem apaixonado por nossa música, o empresário José Maurício Machline.
Resistindo a dificuldades financeiras pela qual passa o Brasil - e que se refletem mesmo em poderosos grupos como os de sua família, na qual é presidente de comunicação - o Prêmio Sharp mantém sua continuidade, valorizando o que se fez de melhor na fonografia brasileira no período 1989/1990. A partir de julho, novamente um júri especial - e para a qual temos a honra de novamente participar - começará a julgar as produções referentes a edição 1991/92.
Depois de homenagear Vinícius de Moraes, Caymmi e Maysa, este ano o Prêmio Sharp de Música reverencia a divina Elizeth Cardoso (1920/1990), escolhida para esta homenagem quando ainda viva (ela faleceu em 07/05/90). No Teatro Dom Pedro I , no Hotel Nacional, um belíssimo espetáculo, por certo, com textos e orientação de Hermínio Bello de Carvalho - o melhor dos produtores que a Divina teve em sua vida profissional - e direção de Celso Nunes, acontecerá um espetáculo que, se espera, supere os anteriores ali realizados.
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A própria extensão dos indicados - que a exemplo do Grammy procura abrir espaços a todos os gêneros musicais, valorizando os mais diferentes profissionais da área musical, torna possível registrar toda a relação dos candidatos que, no auditório do teatro, do Hotel Nacional, estarão esperando, ansiosamente, pelo anúncio de seus nomes como os vencedores nas categorias em que foram indicados. Em alguns casos, haverá artistas mais tranqüilos: são os que sabem, antecipadamente, das premiações que receberão - ou por serem categorias especiais, ou porque o júri entendeu que só existia um único trabalho merecedor da distinção.
Assim, Rita Lee (com várias indicações) e Roberto de Carvalho têm garantido ao menos um prêmio: melhor trilha sonora por "dias Melhores Virão" (1989, de Cacá Diegues, ainda inédito no circuito comercial porque foi exibido em rede nacional pela TV Globo).
Na categoria especial, a disputa da "Música do ano" (1990) está entre "Dias de Lua" (Cartier, Marco Aurélio e Paulo Feita), gravada por Emílio Santiago; "Pantanal" (Marcus Viana), interpretada por Sérgio Reis e "Tocando em Frente" (Almir Sater /Renato Teixeira) com Maria Bethânia.
Um paranaense, Elias Andreato, mais uma vez poderá levar o prêmio de melhor projeto visual: concorre pela capa de "Martinho da Vila"; os outros dois em disputa são "Enguiço" (Adriana Calcanhoto) e "Plural" de Gal Costa (projeto Visual de Oscar Ramos).
"Olhos Negros", de Jhonny Alf, disputa a categoria de melhor música - no qual também concorrem "Tocando em Frente" e "Tomara" (Alceu Valença/Rubens ValençaFilho), ambas gravadas por Bethânia no LP "25 anos" (Polygram).
Na categoria MPB, as gaúchas Adriana Calcanhoto e Lucia Helena peleiam o troféu revelação feminina.
Na categoria instrumental, a briga é bonita: como arranjador concorrem Chiquinho de Moraes (por "Instrumental 2", com Almir Sater, Lp Eldorado); Léo Gandelman por seu "Solar" (Polygram) e Wagner Tiso por "Baobab" (Polygram). O melhor disco, Gandelman disputa com duas produções da Kuarup: "Noites Cariocas" com várias solistas e Orquestra de Cordas Brasileiras. O baixista Arthur Maia e o saxofonista Edgar Duvivier disputam como revelação instrumental masculina e como solista e briga volta a ser entre Almir Sater, Gandelman e Tiso. Instrumentalmente, a Orquestra de Cordas Brasileiras, do Recife, pode tirar do Cama de Gato (lp "Sambaíba, som da Gente) o prêmio de melhor grupo. E entre as músicas instrumentais do ano, três ganharam nomeação para delas sair a melhor: "Menina (Raul Mascarenhas), "Moura" (Almir Sater) e "Planeta Amazônias" (Wagner Tiso).
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Na categoria de Samba, Alcione "Emoções Reais", RCA, Jovelina Pérola Negra ("amigos Chateados", RGE) e Lecy Brandão ("Cidadã Brasileira", Copacabana) disputam o prêmio. Lecy concorre também ao melhor disco, disputando com o grupo Fundo de Quintal (RGE) e Martinho da Vila (CBS). O Fundo de quintal também concorre a melhor grupo - categoria em que reaparecem os setentões Demônios da Garôa ("Esses Divinos") e o original grupo Só Preto Sem Preconceito (Lp "A Coisa Mais Linda", Odeon).
Como melhor cantor, disputam Bezerra da Silva, Neguinho da Beija Flor e Reinaldo. Já entre os arranjadores, a disputa ficou entre Alceu Maia e Ivan Paulo( lps "Cidadã Brasileira" e "Emoções Reais").
Ao troféu de melhor samba, concorrem "Coco da Vida" (Martinho da vila), "Maravilha" (Araketu, Semente da Memória), gravada por Lecy Bandão e "São Jorge" (Claudinho Azevedo / Paulo César Pinheiro, gravada por Alcione).
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Democraticamente, o brega também tem vez no Prêmio Sharp - onde entra na categoria "canção popular". Ao melhor cantor disputam o quase cinqüentenário Jerry Adriani (lp "Elvis vive", Eldorado), José Augusto e Tim Maia. Como arranjadores nesta categoria, ficaram entre os nominados: Ari Sperling (lp "Magal", CBS); Eduardo Souto Neto ("Haja coração", com Adriana, RGE) e Lincoln Olivetti ("Dance Bem", com Tim Maia). Como melhor grupo a disputa é entre o Roupa Nova, Gerd ("Vida com Amor") e Yahoo (Odeom). A disputa da melhor canção brega ficou entre "Agüenta coração" (José augusto), "chance" (Kayto Prich, gravada por Peninha) e "Me Chama que eu Vou" (Tocuato/Cláudio Rabello, gravada por Sidney Magal). A melhor cantora, concorrem Carmen Silva, Roberta Miranda e Rosana. Finalmente, ao melhor disco, disputam Adriana, Jerry Adriani e Peninha.
Na categoria de regional , valorizando músicas de raízes, Pena Branca e Xavantinho disputam na categoria de melhor disco (enfrentando os paranaenses Chitãozinho e Xororó e os baianos Moraes e Pepeu) e duplamente na música ("Casa de Barro", do lp "Cantado do Mundo"), enfrentando "comitiva Esperança"(Almir Sater, gravado por Sérgio Reis). Como cantora, Marci Ferreira enfrenta a baiana Margareth Menezes, enquanto os grupos Reflexus e Olodum enfrentam o Som Campeiro, do Rio Grande do Sul.
Na categoria pop-rock, Ed Motta pretende repetir a performance de 1989, quando acumulou várias premiações; como melhor cantor enfrenta Lulu santos e Nico Rezende concorre também como arranjador (em disputa com Guto Graça Mello, pelo lp "Sandra de Sá" e Orlando Silveira), melhor disco e melhor música - "Solução", enfrentando "Divinamente Nua e Lua" (Caetano Veloso/Orlando Moraes) e Rita Lee/Roberto de Carvalho ("La Miranda"). Rita disputa com Sandra de Sá e Zélia Cristina o prêmio de melhor cantora. Barão Vermelho, Hanoi Hanoi e Os Mulheres Negras disputam como melhor grupo e nas relações - Cássia Eller, Fernanda Abreu, Zélia Cristina, Cacá Moraes, Mauro Ghan e Orlando Moraes buscam a escolha nas categorias feminina e masculina, respectivamente.
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As crianças também não foram esquecidas: Trem da Alegria e Xuxa concorrem ao melhor disco, enquanto a melhor música saíra entre "Copa de Floresta" (Rubens Alexandra. Com Xuxa), "Lambada da Alegria" (Chico Roque e Ed Wilson) e Ö Pingüim" (Sulivam/Massadas), ambas gravadas pelo Trem da Alegria.
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