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Maria Luíza, a competência na direção de uma fundação

Quando um governador ou, especialmente, prefeito, tem a felicidade de escolher as pessoas certas para as funções de confiança uma administração torna-se soft e competente. Foi o caso de Joaquim Roriz, que eleito para o governo do Distrito Federal teve o bom senso de prestigiar a área cultural convidando uma das mais estimadas pessoas de Brasília para o cargo de diretora executiva da Fundação Cultural do DF: a professora Maria Luiza Dornas. Depois de quase cinco anos em que a comunidade cultural brasiliense contestava tanto o vanguardismo de Reynaldo Jardim - que chegou a direção da FCDF pela sua amizade com o ex-governador José Aparecido - e as posições independentes (e polêmicas) do maestro Marlos Nobre, que enfrentou uma oposição desde antes de assumir o cargo - hoje o ambiente cultural em Brasília é de trabalho e confiança. Especialmente porque somando a uma equipe das mais eficientes - nos quais há realmente prestigiamento a quem tem competência (e não aos puxa-sacos e pára-quedistas que se agarram a funções na área da cultura oficial) a professora Maria Luiza vem realizando uma administração excelente. Afinal, ela tem profundas identificações com a área: mineira de Araxá, 31 anos a serem completados no próximo dia 18 de agosto, chegou em Brasília com os pioneiros em 1960. Sua mãe, a bibliotecária Thel Dornas, é a mais antiga funcionária da Fundação Cultural, ali chefiando o centro de documentação. Professora de arte, atuante na vida brasiliense desde sua adolescência, Maria Luiza participou da organização de oito dos festivais de cinema, promovidos a partir de 1965 - nas edições de 1989/90 como coordenadora executiva, cargo que ocupou também na última edição, realizada entre 3 a 9 de julho. Prestigiadíssima no meio artístico nacional, Maria Luiza, sem esquecer outras áreas - entre as quais a literatura, que tem anualmente um Encontro de Escritores (novembro, artes plásticas, administração das três salas do Teatro Nacional Alberto Nepomuceno, Villa Lobos e Martins Pena) salões de artes plásticas e inúmeras atividades nas cidades-satélites - a programação da FCDF é voltada também ao prestigiamento do cinema. A última edição do festival não foi apenas a competição de longas, médias e curtas, mas a discussão séria de problemas da indústria cinematográfica, workshops, conferências um curso sobre linguagens de cinema. Além da oficialização pelo governador Joaquim Roriz do Pólo de Cinema de Vídeo que se instalará na cidade de Gama, onde já existe um atuante cine-clube e na qual um cineasta naif, Afonso Brazza, 36 anos, soldado do Corpo de Bombeiros, vem realizando, por sua conta e risco filmes de ação como "Procurador Jefferson, Matador de Escravos" , "Os Navarros" e "Santium Nunca Morre". Com a competência e lealdade das pessoas que realmente merecem ocupar a direção de uma Fundação Cultural (que inveja, para Curitiba, tão prejudicada pela incompetência da FUCUCU), Maria Luiza sabe valorizar o trabalho de toda a equipe que ajuda sua administração. O funcionamento de todos os setores durante o festival é um exemplo disto - desde a coordenação das exibições, com o experiente José Carvalho da Mata, até os transportes que um dos mais antigos funcionários da instituição, o pernambucano Marcelino de Oliveira, 48 anos, 25 de Brasília e 23 de Fundação, comanda com total agilidade. Na coordenação executiva, não poderia existir pessoa mais talhada: Fernando Adolfo, 47 anos, que ajudou a fazer 23 das 24 edições do mais antigo festival de cinema brasileiro.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
21/07/1991

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