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Aramis

Dick, [romântico] e sempre excelente

Se não é um fenômeno é um caso ao menos muito especial dentro da música popular brasileira: DICK FARNEY. Caso do bom sentido da palavra: excelente cantor, sensível pianista e, sobretudo, honesto em sua carreira que chega aos 34 anos agora começou como crooner da Rádio Mayrink Veiga, marcada de sucessos discretos, [músicas] menos conhecidas, mas sempre de extraordinário bom gôsto. No após-guerra e, principalmente, na primeira metade dos anos 50, Dick mais Lucio Alves e, menos promovido, mas igualmente importante - Johnny Alf, foram os precursores na interpretação calma, [romântica], confidencial ao contrário dos [idolos] da época, de vozes poderosas, [operísticas]. Entre os [três], Dick Farney nascido no Rio a 14 de novembro de 1921 no registro civil Farnésio Dutra e com um irmão também começando no meio artístico o ator Cylle Cícero Far (nesio) [Ney] (Dutra) foi o que adquiriu maior popularidade junto ao público classe A do Rio de Janeiro em torno do "Sinatra-Farney Fan Clube" que reunia jovens da classe média e superior apaixonados por jazz e e pelos grandes vocalistas norte-americanos da época, em primeiro lugar Frank Sinatra. Dick Farney surgia não só como um pianista criativo, de formação [jazzística], mas como o [intérprete] apropriado para [músicas] como "Copacabana", "Ponto Final", "Duas Contas" (esta uma das obras primas do violonista Garoto, Anibal Augusto Sardinha, 1915-1955), "Ser ou Não Ser", "Não Tem Solução", "Nick Bar" e tantos outros. [Músicas que nas gravações eram enriquecidas pelos grandes maestros - Lyrio Panicalli, Radamés Gnatalli, Gaya, que começavam a dar um tratamento mais sofisticado [à] [música] popular brasileira, utilizando violinos, celos, oboés, etc, até então ignorados nas gravações dos cantores populares. Contratato para a osquestra de Carlos Machado no Cassino da Urca, em 1947 Dick [faria] sua primeira temporada nos EUA, quando chegou a gravar na Magestic Record. Nove anos depois voltava [à] América, atuando então no "Peacock Alley", do Waldorf Astoria, em New York. Em sua longa carreira, Dick Farney já gravou cerca de 20 lps, tanto como cantor [romântico] como instrumentista neste se destacando "Jam" (Columbia 41001), "Jazz Festival" (GRE 002), "Concerto no Auditório de O Globo" (Odeon MOFB 3068) entre outros. Agora novamente na Odeon, após o lançamento de um lp [jazzístico] onde apareceu acompanhado dos excelentes Toninho na bateria e Sabá (irmão de Luiz Chaves) no contrabaixo gravado ao vivo, com apresentação do experto Paulo Santos temos este sensível "Dick Farney e Você" (London LLB 1.101-S, setembro/74), para nós um dos melhores discos [românticos] do ano. Acompanhando-se ao piano e por certo com Toninho e Sabá no baixo e bateria, embora não [constem] na contracapa os seus nomes. Dick reuniu uma seleção da melhor qualidade, equilibrando os dolentes sambas-canções como nos bons tempos com algumas das mais belas [músicas] americanas: "Night And Day", "These Foolish Things" (Remind me of you), "My funny Valentine" (Richard Rodgers/Lorenz Hart), "I Only Have Eyes For You". Das [músicas] nacionais temos "Viver Sem Você" (Klecius Caldas/Armando Cavalcanti/Luiz Antonio), "Amor Sem Adeus" (Luiz Bonfá/Alcides de Souza), "Você" (Menescal/Boscoli[)], "A Fonte e o Teu Nome" (Bonfá/Lioni Machado), "Solidão" (Tom/Alcides de Souza), "Você" (Menescal/Boscoli - participação especial de Claudete Soares), "Junto de Mim" (José Maria de Abreu/Alberto Ribeiro), ["]Se É Por Falta de Adeus" (Tom/Dolores Duran) e "Meu Mundo é Você" (Aloysio de Oliveira). Um lp ótimo. Indispensável aos fãs de Dick e da [música] [romântica] nacional e internacional.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
10
01/10/1974

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