Discos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de março de 1975
Em seu quinto lançamento, a série Continental Cultural focaliza Dick Farney e Lúcio Alves, os predecessores do movimento bossanovístico. No disco que acompanha a edição, são revividos alguns dos mais expressivos êxitos dos cantores dados em suas edições originais - e no libreto anexo há um relato sucinto de como Dick e Lúcio se projetaram na MPB.
Tanto Dick como Lúcio nasceram para o mundo musical brasileiro através da Continental no final da década de 40, e foi neste selo que deixaram seus primeiros, maiores e definitivos sucessos. Por isso, J. L. Ferrete, o coordenador das edições da série, julgou conveniente o lançamento da dupla, no qual são apresentados tanto Dick quanto Lúcio cantando individualmente, quanto os dois reunidos. Na pesquisa sobre esses dois importantes intérpretes e compositores, J. L. Ferrete faz uma análise que abrange desde seu surgimento até propriamente sua consagração na MPB. Em suas colocações, Ferrete assinala que Dick, mais que Lúcio, foi o alvo predileto dos que execram a presença do popularesco norte-americano no repertório nacional; nunca lhe perdoaram, por exemplo, a voz estudadamente colocada de "crooner" americano, e muito menos a maneira "arrastada" de cantar sambas - com as inflexões características de Frank Sinatra, Perry como e Bing Crosby, isso tudo somado às poses fotográficas de cachimbo na mão, sinais evidentes de uma sofisticação além do razoável num país subdesenvolvido.
De qualquer forma, tanto Dick quanto Lúcio foram fenômenos de determinação irreversível, no Brasil, e, mesmo valendo-se de métodos nada populares à época, ou seja, interpretando o samba no estilo sofisticado de boate, eles atingiram em cheio a classe média descompromissada com a popularesco até então consagrado, criando um repertório até hoje aceito com agrado pela gente dos grandes centros populosos do país e que, fugindo a intelectualizações exageradas, ainda mantém características de verdadeira música popular.
Na seleção musical, estão gravações de começo de carreira, datadas do período de 1946 a 1954. Dick canta, individualmente, "Copacabana", "Somos Dois", "Uma Loura", "Nick Bar", "Alguém como Tu", e Ranchinho de Palha"; Lúcio aparece com "Na Paz do Senhor", "Amargura", "Nova Ilusão", "Sábado em Copacabana", "Valsa de Uma Cidade". Em "Casinha Pequena" (composição de Lúcio Alves, Dick e Lúcio estão reunidos, acompanhados por Tom Jobim e seu conjunto.
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OS MELHORES SAMBAS ENREDO 75/JAMELÃO.
Para o Carnaval de 1975, um lançamento de grande importância - "Os Melhores Sambas Enredo 75", que reúne uma seleção de alguns sambas enredo que representara diversas escolas.
Jamelão, sambista da ala de compositores da Mangueira, selecionou e interpreta neste disco "Imagens Poéticas de Jorge de Lima" (da própria Mangueira), "Festa do Círio de Nazaré" (São Carlos), "Quatro Séculos de Paixão" (Vila Isabel), "O Mundo Fantástico do Uirapuru" (Padre Miguel), e "Zaquia, a Estrela do Subúrbio, Vedete da Madureira" (Império Serrano), no lado A .
No lado B, "Macunaíma" (da Portela), "O Grande Decênio" (Beija Flor), "Obra e Vida de Cecília Meireles" (Tuiuti), "Personagens Marcantes dos Carnavais Cariocas" (Em Cima da Hora), "O Segredo das Minas do Rei Salomão" (do Salgueiro).
O samba "Macunaíma", foi gravado e lançado em compacto pela Continental tendo como intérprete um de seus criadores, David Corrêa.
LEGENDA FOTO 1 - Dick Farney & Lúcio Alves.
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