Tapajós, a Modinha & a Musa.
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de março de 1975
A Sra. Noemia Gutierrez, 85 anos, tronco de uma das mais tradicionais famílias do Estado, recebeu uma visita muito musical na tarde de segunda-feira: o modinheiro Paulo Tapajós, 62 anos, produtor do programa de MPB do Projeto Minerva e que veio a Curitiba participar do I Encontro dos Pesquisadores de MPB, de cuja associação, fundada no domingo, foi eleito vice-presidente. Paulo fez questão de visitar dona Noemia, porque se emocionou ao receber das mãos de Marita França, um exemplar do opúsculo "A Verdadeira Historia da Modinha" "A Casa Branca da Serra" de Guimarães Passos", de Fernandinha Marques, que pertencia àquela senhora mas que cedeu a Tapajós, ao saber de seu interesse pela publicação.
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Na palestra-show que fez no auditório Salvador de Ferrante, domingo pela manhã, Paulo Tapajós referiu-se ao fato da modinha "A Casa Branca da serra" ter sido composta por Guimarães Passos em homenagem a uma jovem paranaense Antonia, filha do comendador Henrique Alves de Araújo e de dona Querubina Marcondes de Oliveira e Sá. O poeta Passos conheceu sua musa inspiradora em Palmeira, quando por ali passou junto com as tropas do general Piragibe, na revolução de 1894, (quando Custodio de Mello se rebelou contra Floriano Peixoto). Posteriormente, exilou-se em Buenos Aires, onde escreveu a poesia "Barcarola", que tomaria mais tarde o nome de "Casa Branca da Serra".
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Totalmente desconhecida hoje, "A Casa Branca da Serra", foi entretanto uma modinha que se popularizou por todo o Brasil no inicio do século, tendo Paulo Tapajós a gravado num de seus discos. Antonia Alves de Araújo Macedonia, a inspiradora da musica faleceu há algum tempo, no Rio de Janeiro onde passou a residir após ter enviuvado (como nas boas histórias de amor, acabou casando com outro, para que o poeta Guimarães Passos penasse o amor impossível), aos oitenta e sete anos.
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