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Paulo Tapajós, quando um pesquisador é pesquisado

Paulo Tapajós, vice-presidente da Associação de Pesquisadores da Música Popular Brasileira, aproveitou sua viagem a Iraí, no Rio Grande do Sul - como um dos 8 pesquisadores participantes do I Canto das Águas do Mel - para, em seu retorno, rever alguns amigos curitibanos. Entre eles, o coronel-médico Wilson Boia, apaixonado pela música brasileira, pesquisador cultural (foi o autor da monografia sobre David Carneiro, vencedora do concurso Gralha Azul) e amigo do casal Tapajós há muitos anos. Em conseqüência deste reencontro, surgiu a possibilidade de ganhar forma um livro que faz falta em nossa bibliografia: a biografia de Paulo Tapajós, 76 anos completados no último dia 20 - o que motivou justas homenagens em Iraí, pois ele tem sido um dos maiores divulgadores da música nativista através de seus programas radiofônicos - especialmente do Projeto Minerva. Sobre a importância do múltiplo Paulo Tapajós - modinheiro, compositor, produtor radiofônico, pesquisador, etc. - basta dizer que a edição de 1990 do Guiness Book of Records o deverá incluir como o profissional de rádio há mais anos em atividades em todo o mundo. Por iniciativa de um grupo de amigos - e graças aos arquivos iniciados por seu pai, o crítico de artes Manoel Tapajós Gomes e que teve continuidade graças ao capricho de Norma, sua esposa há 47 anos, Paulo pode comprovar, ano a ano, que sem qualquer interrupção, desde abril de 1927 atua no rádio brasileiro. Garoto de calças curtas, aos 14 anos, ao lado de seus irmão Haroldo e Osvaldo, estreava na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1923 pelo pioneiro da radiofonia no Brasil, antropólogo Edgard Roquete Pinto (1884-1954) - e que doada ao governo, é hoje a Rádio Ministério da Educação e Cultura - na qual Paulo produz além do Projeto Minerva, também "Antologia do Choro". Assim, em seis décadas de um admirável profissionalismo, no qual conviveu praticamente com todos os grandes nomes da vida musical brasileira - além de personalidades de outros setores, como Walt Disney quando veio ao Brasil em 1942 (Paulo gravou a parte musical do grilo falante de "Pinochio", 1939, na dublagem para o português) - Paulo tem muito a contar. Memória privilegiadíssima, dono de um arquivo perfeito - (em sua generosidade já tendo auxiliado dezenas de pesquisadores mais jovens a escreverem seus livros sobre a MPB), Paulo tem se recusado a fazer sua autobiografia. Agora, a insistência do velho amigo Wilson Boia, animando-o a vir passar uma temporada curitibana - para juntos detalharem o plano de obra, talvez resulte nesta obra que faz falta para a vida cultural.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
02/12/1989

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