A Estadual terá sua FM (mas precisa reformas)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de janeiro de 1987
Presidido por Roberto Parreiras, executivo dos mais competentes e habilidosos da área cultural, que, há 12 anos, gerenciou o núcleo que se transformou na Fundação Nacional das Artes - da qual fui diretor executivo por quatro anos, a Funtevê tem hoje nova estrutura. Com a criação de uma nova Diretoria (de Educação), deixaram de existir dois dos cinco Centros que a integravam (de Multimeios Educativos e de Cinema Educativo). Também foram extintas algumas Superintendências, além de remanejadas as funções de algumas unidades.
Homem prático, tendo passado pelas presidências da Fundação TV Educativa do Rio de Janeiro e, posteriormente, na Embrafilme, Parreira procurou, agora, tornar a estrutura da Funtevê mais prática, racional e adequada, "ao presente e futuro da teleducação, seguindo a orientação do Governo de aprimorar o funcionamento dos órgãos públicos".
Dentro das mudanças ocorridas na Funtevê, passa a existir uma Coordenadoria do Sinred, ocupada pelo sr. Antônio Carlos de Assis Brasil e criada justamente para favorecer o inter-relacionamento das emissoras educativas e a melhor avaliação das suas necessidades por parte da Funtevê.
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Enquanto a Rádio Ministério da Educação completou 50 anos em 1986 (ela foi doada em 7 de setembro de 1936, por Edgar Roquete Pinto, o pai da radiodifusão no Brasil, que tinha criado em 1923 a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro), 8 emissoras educativas estão em implantação. A Fundação Rádio Educativa São Sebastião, que havia obtido a concessão do canal FM originalmente destinado à Estadual do Paraná, felizmente abriu mão deste prefixo, preferindo implantar estações em Brasília e Porto Alegre. Com isto, a secretária Suzana Guimarães, da Cultura, animou-se com a perspectiva de inaugurar o canal FM-Estadual antes de encerrar sua gestão, a 14 de março próximo. Um otimismo exagerado, já que a implantação de uma FM não se faz em apenas 90 dias. O próprio gerente-executivo da Estadual, Lourival Pedrazian ("Palito"), com a experiência de mais de 20 anos de radiofonia, atualmente também diretor da Atalaia de Curitiba (brigando com a Independência, pelo primeiro lugar em audiência), não se arrisca a fazer previsões de data. Mineiramente - embora ele seja paulista e de formação paranaense - Palito nos dizia, dia destes, que a FM-Estadual pode entrar no ar "no decorrer de 1987", mas sem fixar datas. Afinal, a própria Estadual-AM, mesmo ocupando três andares do edifício Caetano Munhoz da Rocha (rua Cruz Machado/esquina Dr. Murici) e contando com mais de 40 funcionários, vive capengando, com falta de equipamentos, sem fitas virgens para gravações de programas e com discoteca das mais deficientes.
Ironicamente, em espaço, a Estadual dispõe de instalações que poucas emissoras no Brasil possuem. Há inclusive um superestúdio, dimensionado em escala profissional para receber até orquestras sinfônicas e grandes corais. Só que não há equipamento de gravação e a obra, incompleta, ficou como um elefante branco.
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A secretária Suzana Guimarães conseguiu, graças ao seu ótimo relacionamento com o governador João Elísio, transferir a Rádio Estadual do âmbito da Secretaria Extraordinária de Comunicação Social para a Secretaria de Cultura. Foi uma vitória, sem dúvida, mas que, como aqui frisamos várias vezes, só será completada quando houver condições reais do prefixo oficial fazer juz ao seu slogan - "uma opção de cultural e bom gosto" - e não apenas na competição pelo Ibope, numa concorrência até certo ponto desleal com as emissoras particulares. Uma questão que já mereceu horas e horas de discussão e que não se encerrará tão logo.
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