FestRio: o cinema é a notícia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de novembro de 1986
Rio de Janeiro
As opiniões divergem às vésperas do encerramento desta terceira edição do FestRio em relação aos possíveis premiados e houve alguns consensos extra-oficiais, por exemplo, o momento de maior emoção de quem curte cinema em termos históricos foi a apresentação de "Four Mand and a Raft" - título do "Work in Progress" que Richard Wilson montou e apresentou com o material que Orson Welles (1915/1985) rodou no Ceará e Rio de Janeiro, há 44 anos, para o seu nunca concluído "It's All True". O mediametragem realizado pelo American Institut of Film, com patrocínio da Kodak/Eastmen, a partir dos negativos que a Paramount doou (após o preciosos material ter sido localizado em seu arquivo, herança da antiga RKO) é um momento magnífico do cinema em termos arqueológicos - e o próprio Wilson e sua esposa Elisabeth - que acompanharam Welles em sua aventura brasileira, em 1942, mostravam-se emocionados ao falar do assunto. Os Wilson estão agora em fortaleza, com uma foto de uma figurante do filme - na esperança de localizá-lo, bem como os três jangadeiros que acompanharam Jacaré (que morreu durante as filmagens) no raid Fortaleza-Rio de Janeiro.
Sem cobertura que a apresentação de "For Man and a Raft" obteve, foi projetado, na sessão de domingo passado, 22, na Estação Botafogo, um raríssimo filme de Welles: "Uma História Imortal", realizado entre 1966/68, na Iugoslávia. Com Jeanne Moreau belíssima, este média-metragem (apenas 55 minutos) baseia-se numa estranha história da escritora dinamarquesa Isak Denissen (biografada por Sidney Pollack em "Entre Dois Amores/Out of África") e tem trilha sonora com temas do francês Erik Satie. Não se sabe onde e como o trio de cinéfilos que dirige a sala de exibição Estação Botafogo obteve este precioso filme - que faria os Wellesianos fanáticos como o bom Francisco Bettega Netto, de Curitiba, exultar. No ano passado, no Bruni-Ipanema, numa das sessões "Midnight Movies", já havia sido projetado outro inédito filme de Welles: "Falsfatt" ou "Crimes da Meia Noite", também com Jeanne Moreau no principal papel - e Welles, gordo e genial, no shakespeareano personagem.
O jornalista João Luís Albuquerque, da "Última Hora" - editor da coluna de televisão e cobrindo mais uma vez o FestRio - sempre foi apaixonado por "Casablanca" mas, com a experiência de seus 47 bem vividos anos, não aceitava a separação de Rick (Humphrey Bogart) e Ilse (Ingrid Bergman) ao final. Tanto é que, há quase um ano, gastou todo o seu tempo livre, por 120 dias, para remontar em tape o final do clássico filme de Michael Curtiz e fazer com que o casal de amantes permanecesse em Casablanca - enquanto Lazlo (Paul Henreid) parte sozinho para Lisboa. A brincadeira de João Luís já mereceu reportagens de seu amigo Sérgio Augusto e a única cópia desta versão singular de "Casablanca" com um final diferente, foi mostrada por João Luís a alguns amigos durante o festival.
Agora, Albuquerque está terminando outro trabalho inédito: "O dia em que o Brasil ganhou a Copa". Por sugestão de seu amigo, o crítico de cinema Paulo Perdigão, que escreveu um livro ("Anatomia de uma derrota", L&PM, 1986) e fez um vídeo de 40 minutos "16/07/1950" sobre a tarde em que o Brasil perdeu a Copa do Mundo, - por sinal exibido agora, dentro da mostra do FestRio - João Luís Albuquerque também decidiu fazer um tape a respeito. Usando material de arquivo e habilidosas montagens, está com o material praticamente pronto para mostrar aos amigos, o tape em que, ao menos em sua imaginação, vinga-se dos gringos: "o dia em que o Brasil derrotou o Uruguai". Invertendo o resultado - 2 a 1 - e montando material interessantíssimo, o tape que João Luís realizou dá continuidade a uma inovação que pode fazer escola: a possibilidade de se reinterpretar, visualmente, aquilo com que não se concorda. Pelo menos, é uma brincadeira altamente estimulante para quem curte o jogo das imagens,
Nem mesmo os profissionais da imprensa destacados exclusivamente para cobrir a parte de vídeo conseguiram acompanhar as mais de 100 horas de material inédito aqui apresentado. Só na área competitiva foram 33 horas de vídeos, dos mais diferentes temas, trazidos de várias partes do mundo por Hamilton Vaz, coordenador do setor. As sessões mais freqüentadas foram as das 20 horas. No domingo à noite, até Rubem Braga, normalmente arredio a eventos badalativos, veio em companhia de uma bela amiga, para conhecer o vídeo no qual a atriz Tônia Carrero fala com sinceridade de sua vida e revela sua idade. Com 15 minutos de duração, produzido originalmente para a Rede Manchete, o tape teve grandes aplausos do público que lotava a sala. A atriz Tônia, elegante e linda como sempre, era todo sorrisos e cumprimentos. Revelação de Ney Sroulevich, diretor-geral do FestRio: no ano passado, ao encontrar Jack Lemmon no Festival do cinema Novo Latino-Americano, em Havana, convidou-o para vir ao Brasil. Lemmon, dizendo que há muito tempo deseja conhecer o nosso País, prometeu que viria, lembrando inclusive que iria fazer um filme que poderia concorrer. O filme - "That's Life", de Black Edwards "Assim é a Vida", estréia em breve nos circuitos comerciais, concorre pelos Estados Unidos - com boas chances. Mas Lemmon não veio: ocupado com a montagem de uma peça na Broadway (que lhe deu prejuízos), nem chegou a ter contatos posteriores sobre sua vinda.
Se Lemmon - ou mesmo Edwards e sua esposa, a atriz Julie Andrews - tivessem vindo - seriam grandes nomes para o FestRio, que, em termos de cinema americano, ficou mesmo com a produção independente. Aliás, Ney tem reiterado aos Tycoons das multinacionais:
- O FestRio está aberto a todos os cinemas do mundo. Na proporção que o grande cinema americano ausenta-se perde espaço para outras cinematografias.
Fausto Canosa, o homem que dirige um dos mais curtidos cinemas de arte de Nova Iorque - o Public Theatre do lendário Joseph Popp (produtor de "O Mundo de uma Mulher/Plenty", com Meryl Streep, que concorreu no II FestRio), tem contatos que permitem trazer para as midnights movies a produção Up To Date do que está sendo visto em Nova Iorque neste momento. Este ano, o Cult-Movie mais comentado foi "Down By Law", de Jim Jarmush - cuja presença era aguardada durante todo o festival. Jarmush ficou famoso no ano passado, com seu "Stranger Than Paradise", um filme inovador e que só não teve comercialização porque a pirataria em vídeo foi tamanha, que desanimou os importadores. Este ano, garante-se que "Down By Law" só terá mesmo as projeções do FestRio.
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Outro filme curtidíssimo na mesma sala: "Parting Glances", de Bill Cherwood - uma história de amor gay, com um dos personagens vítima de Aids. Também "Caravaggio", do inglês Dered Jarman, teve a conotação gay - abordagem presente em outros filmes, inclusive em "O Declínio do Império Americano", representante do Canadá - e, até a quinta-feira, o favorito para o Tucano de Ouro. Dos midnight movies que, infelizmente, dificilmente encontrarão comercialização, também o inglês "Born of Fire", de Jamel Dahlavi; "Sleepwalk", de Srah Driver - esposa de Jarmush - e "Bring The Night", de Michael Aptde - este sobre uma Tournée do grupo de Sting - e já super pirateado pelos vídeo-clubes do País. "About Last Night", de Edward Zwick, baseado num texto polêmico ("Sexual Perversity in Chicago", de David Mamet), com o novo astro americano, Rob Lowe (visto na semana passada, no Lido I, em "Sangue de Campeão"), tem melhor sorte: a Columbia lança o filme em breve, com o título de "Sobre Ontem à Noite". Começa a surgir uma nova espécie de profissional: o agente especializado em promover determinados realizadores. A paulista Rose Carvalho, ex-Gaummont, atende agora clientes especiais. Fez um bom trabalho em torno da rodagem de "Bajema Mucho", o novo filme de Francisco Ramalho Jr. (que possivelmente disputará o próximo Festival de Gramado) e assessorou a passagem de Maurício de Souza pelo FestRio (onde seu "As Novas Aventuras da Turma da Mônica", foi apresentado, hors-concours, no sábado à tarde - mesmo programa que o Cine Plaza, em Curitiba, exige todos os sábados e domingos, pela manhã). Maurício ganhou um bom espaço na imprensa, confirmando aquilo que publicamos em primeira mão: desistiu de fazer qualquer projeto no Paraná. Devido à falta de organização que o Paraná teve no governo José Richa, Cornélio Procópio perdeu a chance de ter sua "Monicaland". E os parques turísticos da organização de Maurício irão para outros Estados. Rio Grande do Sul está em primeiro lugar na listagem.
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Outra cliente atendida por Rose de Carvalho: Norma Benguel. Jurada no II FestRio, agora na tela em bom papel em "A Fonte da Saudade" de Marcos Altberg (um dos três filmes que concorrem pelo Brasil), Norma começa ainda este mês a rodar o seu há tanto tempo aguardado longa-metragem "Pagu". Um grosso press-book traz detalhes desta realização: roteiro em colaboração com Márcia de Almeida e Geraldo Carneiro, sobre a vida da lendária Patrícia Rendler Gavão (São João da Boa Vista, SP 14/6/1910-SP, 12/12/1962), que foi mulher de Oswald de Andrade e do romancista Geraldo Ferraz, integrante do PC, participante da Semana de Arte Moderna etc. etc. Enfim, uma mulher notável, com quem Norma se identifica há anos - e que ela já representou no teatro. A propósito, diz Norma:
"Eu me identifiquei com o lado libertário de Pagu, com o seu lado guerreiro. Eu acredito muito no ser humano do calibre de uma mulher como ela. Foi há 10 anos que comecei a pensar em Pagu, como tema, cheguei até a tentar um curta-metragem - mas que ficou ruim".
Se depende da garra de Norma, "Pagu", estará pronto para representar o Brasil no próximo FestRio.
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O feminismo é um dos aspectos mais fortes no FestRio. Repetiu-se a mostra "Um Olhar Feminino", com filmes nacionais e estrangeiros, que já havia acontecido em 1985. Ampliou-se também para a secção de vídeo. Vários filmes - em competição e nas mostras paralelas - tratam da questão da mulher. Que, por isto mesmo, merecerá um tratamento em reportagem à parte.
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O velho Samuel Goldwyn orgulha-se do "Slogan" de seu estúdio nos anos dourados: "na Metro Goldwyn Mayer, mais estrelas na terra do que no firmamento". Não se poderia dizer que no espaço do Hotel Nacional, em São Conrado, haja um chão-de-estrelas como nos tempos da Hollywood mitológica como usina de sonhos. Mas também não pode queixar-se da falta de gente que através do cinema e, especialmente no caso dos brasileiros, televisivo, fazem ainda parte do universo mítico de milhões de fãs. Tanto é que o diretor-geral do FestRio, Ney Sroulevich, na sexta-feira passada, irritou-se quando viu na televisão a informação dada pelo conhecido Rubens Ewald Filho, de que, até então, o único grande nome presente ao FestRio era o do ator Klaus Maria Brandauer - o astro de "Mefistofeles" e "Coronel Reidl" (este, aqui exibido no ano passado, ainda inédito comercialmente).
Ney protestou com uma relação de mais de 30 outros nomes que, direta ou indiretamente, podem ser considerados personalidades do cinema - e cujos nomes estão nas listas das salas de imprensa, dentro das múltiplas convocações para entrevistas. Claro que enquanto algumas são concorridíssimas, outras passam desapercebidas. Também o espaço nos jornais - embora generosos por parte dos veículos nacionais - é impossível abrigar tantos nomes que, normalmente e isoladamente, mereceriam reportagens especiais. Na multiplicidade de um festival internacional como este, perdem-se na multidão - e assim só uma Laurie Anderson ou David Byrnes, do Talking Heads - diretor de "True Stories" - que neste sábado, 29, encerra o festival - conseguem lotar mesmo a sala de entrevistas. Outras vezes, mesmo com muitos jornalistas ao seu redor, um entrevistado ganha apenas um destaque como foi o caso do diretor novato Spike Lee, um crioulo comunicativo e simpático, que trouxe seu filme "She's Gotta Have It" - comédia que mesmo tendo apenas uma única exibição no Bruni-Ipanema, tornou-se motivo para muita discussão - já que se trata de uma produção de custo irrisória para os padrões americanos (175 mil dólares; 12 dias de filmagem) e que já rendeu, só nos Estados Unidos, US$ 6,5 milhões.
Na poeira de estrelas, nacionais e internacionais, do FestRio, com notícias por todas as partes, eis algumas informações avulsas - sem maiores compromissos. Apenas para passar aos leitores um pouco do clima de que o cinema é ainda um pouco da magia - hoje integrada ao vídeo e televisão.
Por exemplo, Guilherme Araújo, 50 anos, empresário e produtor de "Cinema Falado", de Caetano Velloso, confirmando afinal o custo do filme-polêmico do FestRio: Cz$ 1.300.000,00 do qual a Embrafilmes entrou com Cz$ 350 mil - "A parte normal, de finalização, que todos os filmes distribuídos pela Embrafilmes recebem" explicava-nos ontem à noite, confirmando seu lançamento comercial no próximo dia 4, no Cinema I (o do Rio, não em Curitiba). Dia 11 em São Paulo, e ainda este ano, em Salvador, naturalmente. Para dezenas de cineastas que estão na fila de espera para lançamento de seus filmes através da Embrafilmes, a rapidez com que o poderoso Marco Aurélio Marcondes conseguiu marcar o filme de Caetano, não deixou de ser motivo para críticas. A cineasta Suzana Amaral, diretora de "A Hora da Estrela", foi radical em seus comentários, inclusive estranhando que houvesse tanta badalação em torno de um filme amadorístico, "de um compositor". Guilherme, na ferinidade de sua língua não deixou por menos:
- "E ela, o que é? Uma cineasta dona-de-casa?"
Também "A Ópera do Malandro", o belo musical de Ruy Guerra, que já esteve em várias partes do mundo, mas só agora teve sua primeira projeção no Brasil (o próprio Chico Buarque, autor do roteiro, só foi assisti-lo em Cannes) também estréia neste final de ano. Marco Aurélio, inclusive, pensava em marcar a sua estréia em Curitiba ainda em dezembro, mas está pensando: com as férias, e o esvaziamento da cidade, o filme pode fracassar. E seu otimismo é grande:
- "A Ópera do Malandro" terá no mínimo 2 milhões de espectadores.
A sessão de "A Ópera do Malandro" um dos favoritos para o "Tucano de Ouro", de melhor filme e também premiações de direção e autor (Edson Celulari) foi das mais concorridas. O público aplaudiu ao final - tranqüilizando Ruy Guerra, 56 anos, que vestido de branco, estava no hall da sala Glauber Rocha, nervoso, bebendo Coca-Cola. Ao seu lado, Linda, mas também nervosa, a atriz (e sua mulher) Claudia Ohana. Na assistência, entre os que aplaudiram bastante o filme, o arquiteto Jaime Lerner - cinéfilo inveterado, que mesmo durante sua campanha política, jamais deixou de assistir os filmes que aprecia. Junto com Lerner, o jornalista Jaime Lichinski e a artista plástica Leila Pugnaloni.
Quem está furioso com as bolas pretas que "La Mansion de Araucaíma" representante da Colômbia, recebeu dos críticos do conselho JB, organizado por Wilson Cunha, é o ator José Lewgoy. Intérprete do papel principal deste filme de Carlos Mayolo, o gaúcho Lewgoy acha que houve má vontade e boicote em relação a esta produção colombiana. Lembra que o Romance de Álvaro Mutis no qual Mayolo baseou o roteiro esteve nas mãos de Luís Bunuel (1900-1983) para ser filmado - e o clima bunuelesco, aliás, está na história com elementos de realismo fantástico. Enquanto os críticos brasileiros detestaram "La Mansion de Araucaíma", os estrangeiros gostaram. Por isto, Lewgoy acabou arrependendo-se de ter estimulado a vinda do filme ao FestRio:
- "Este filme deveria ter sido guardado para o festival de Berlim. Lá seria melhor compreendido".
Entre os defensores de "La Mansion de Araucaíma" está uma brasileira que há mais de 30 anos mora em Paris - Violeta Arraes Gervaiseau, uma espécie de mãe protetora dos cineastas brasileiros na França. Casada com um notável cientista francês - Pierre Gervaiseau, o casal residiu em Curitiba, entre 1953/54, a convite do então governador Bento Munhoz da Rocha Neto, quando o cientista ajudou a implantar o Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas do Paraná. Entre os amigos que lembram de Curitiba, está o casal Maria Teresa Lacerda/Jean Dobignier, ela bibliotecária, autora de várias pesquisas históricas.
Violeta - ou Viola - como é chamada - irmã do recém-eleito governador de Pernambuco, Miguel Arraes, está no Rio, participando do júri de curta-metragem, que por sinal tem na secretaria-executiva, sua filha, a pesquisadora Maria Benigno, ligada também a música popular e ex-produtora dos tempos em que Marcos Pereira realizava o mapeamento musical do Brasil.
Oficialmente são mais de 700 jornalistas cobrindo esta terceira edição do FestRio, dos quais 200 da imprensa internacional. Elisabeth Carvalho é coordenadora de imprensa, mas tão ocupada que é quase impossível de encontrá-la - sendo que sua equipe de atenciosas recepcionistas ajuda o trabalho da rapaziada. Quem está merecendo um voto de reconhecimento é a equipe da empresa brasileira de correios e telégrafos: pela terceira vez, o serviço funciona rapidamente, com 12 aparelhos operando das 10 às 22 horas, enviando milhares de linhas de notícias a várias partes do mundo. Os operadores Daltro Cardoso, Isaías Martins, Alexandre Quirino, Waldir Reis, José Lins, e Antonio Carlos Cerqueira, sempre atenciosos e com boa vontade, dão um exemplo de colaboração com quem precisa fazer chegar as redações os seus despachos informativos.
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