Gonzaguinha, uma biografia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de abril de 1991
Exatamente 20 meses após o Brasil ter perdido uma das maiores glórias de nossa cultura popular, o compositor, acordeonista e cantor Luís Gonzaga - falecido aos 77 anos, em Recife, no dia 2 de agosto de 1989, choramos agora a perda de seu filho, também um dos maiores talentos de nossa música: Luís Gonzaga do Nascimento Júnior, morto na madrugada de ontem em trágico acidente.
Nascido no Rio de Janeiro em 22 de setembro de 1945, Gonzaguinha teria em seu padrinho Xavier Pinheiro, com quem passou grande parte de sua infância, seu primeiro professor de violão. Aos 14 anos, Gonzaguinha faria sua primeira música, "Lembranças de Primavera" e, mais tarde, compôs "Festa" e "From U.S. of Piauí", que seriam gravadas por seu pai ainda em 1967. No mesmo ano, Gonzaguinha ingressou na Faculdade de Ciências Políticas Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, onde se formaria em Economia.
Em 1968, concorreu com "Pobreza por Pobreza", no I Festival Universitário de Música Popular do Rio de Janeiro, classificada entre as finalistas. No ano seguinte, venceu este mesmo festival, com "O Trem". Ainda em 1969, participou do Movimento Artístico Universitário ao lado de Ivan Lins, César Costa Filho, Aldir Blanc e outros. Em 1970 concorreu no V Festival Internacional da Canção, da TV Globo, no Rio de Janeiro, com "Um Abraço Terno em Você, Viu Mamãe?" e "Mundo Novo, Vida Nova", a primeira lançada em compacto Odeon, nesse mesmo ano, junto com "Amor É o meu País", composição e gravação de Ivan Lins. Em 1973, lançou pela Odeon seu primeiro elepê, "Luís Gonzaga Jr.", que incluía a composição "Comportamento Geral". Em 1974, em seu segundo elepê, incluía "Galope", que mais tarde faria sucesso com o MPB-4, Marlene e Maria Bethânia e "Meu Coração é um Pandeiro".
Nestes últimos dezessete anos, gravou mais 16 elepês e se consolidou como um dos artistas mais amados pelo público, especialmente o universitário. Tendo deixado a EMI/Odeon, fundou sua própria etiqueta, com o nome de "Moleque Gonzaguinha", que edita suas músicas e discos, distribuídos pela WEA.
Um dos fundadores e diretores da Sombrás, instituição criada em defesa dos direitos autorais, Luiz Gonzaga Júnior exerceu importante papel na música de resistência nos anos mais duros da ditadura militar, sofrendo, inclusive, perseguições e tendo seu trabalho censurado.
Residindo há 10 anos em Belo Horizonte, havia estreado o show "Cavaleiro Solitário" em março último, que após temporada de três dias no Teatro Paiol (19 a 21 de abril) foi levado a Guarapuava, Cascavel, Francisco Beltrão, Apucarana, Toledo e Pato Branco, onde realizou seu último show.
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