É graças a Araken que Anderson irá ao Rio
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de julho de 1984
O jornalista Arakén Távora passou três dias em Curitiba na semana passada, realizando um documentário, em video-tape, sobre o pintor Alfredo Anderson (Kristiansand, Noruega - 1860 - Curitiba, 1935), filmou um longo depoimento do escritor Walfrido Pilotto, amigo e contemporâneo do pintor norueguês, a quem dedicou, há 25 anos, o livro "O acontecimento Anderson". No Parque do Barigüi, enquanto ia fazendo um belíssima paissagem com sus temática favorita - os pinheiros - o pintor Theodoro de Bonna falou sobre Andersen que foi seu mestre. Finalmente, com a professora Adalice Araújo, a respeitada e independente crítica de artes plásticas, foi gravado um didático depoimento. Mais de 50 telas, entre óleos e desenhos do chamado pai da pintura paranaense, entre o acervo do Museu Alfredo Anderson e de particulares, foram registradas pelas câmeras de Roberto Beckert e Rogério Merins, enquanto Nelito de Oliveira operava o áudio. Os três são componentes da equipe da TV-Educativa, do Rio de Janeiro, que colabora nessa realização.
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Dia 28 de agosto próximo, na Sala Bernardelli, principal espaço do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, quando for inaugurada a grande exposição sobre Anderson e o Paraná, de certo o governador José Richa - presente ao evento - receberá muitos comprimentos. Mas o importante a registrar agora é que esse evento dos mais significativos se deve a uma pessoa, justamente Araken Távora, amigo pessoal de Richa há mais de 20 anos. Foi Araken que, como assessor do pintor Alcidio Mafra , diretor do MNBA, conseguiu abrir um generoso espaço - entre dias 28 de agosto e 23 de setembro - no disputado calendário da Sala Bernardelli, que tem agenda preenchida até meados de 1985. Foi Araken quem idealizou e está realizando um video-tape documentando as obras de Anderson, com depoimentos de Adalice, Walfrido e Theodoro de Bonna. Foi ele, também, quem cuidou da diagramação do catálogo da exposição, que dentro dos padrões que norteiam as edições do MNBA, constituir-se-á em verdadeiro documento iconográfico para divulgar um artista da maior importância na história do Paraná, mas até hoje praticamente desconhecido, em termos nacionais.
Então não é a primeira vez nem será a última que Araken, idealisticamente, se preocupa em divulgar os valores do Paraná. No ano passado, já havia levado, naquela mesma sala, uma grande exposição de Theodoro de Bonna, 80 anos - que obteve a maior repercussão, graças, especialmente, ao bom trânsito que Araken tem junto aos mais importantes veículos nacionais. A exposição de Alfredo Anderson deverá alcançar, assim, grande repercussão, graças, principalmente, ao relacionamento e prestígio de Araken, o status do Museu Nacional de Belas Artes e os cuidados que está tomando para com a mostra, evitando que a inexperiência e improvisação dos tecnocratas (?) locais ponham em risco esta exposição. Para tanto, vem ele acompanhando diretamente os vários estágios da montagem da exposição, realizando o documentário e já cuidando de sua promoção no Rio de Janeiro.
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O Museu Alfredo Anderson funcionando no velho casarão em que morou o artista, na Rua Mateus Leme, é uma das mais pobres unidades culturais do Paraná. Basta dizer que seu orçamento anual é de Cr$ 6 milhões - insuficiente para qualquer promoção de envergadura. Assim, graças a Araken e á boa vontade da direção do Museu Nacional de Belas Artes é que os trabalhos do pai da pintura paranaense serão conhecidos a nível nacional. E o documentário em video-tape que está sendo realizado - patrocinado pelo Banco de Desenvolvimento do Paraná - ficará como um registro precioso da obra do grande artista, além de ter divulgação em todas as televisões educativas do País.
LEGENDA FOTO - Araken leva exposição de Andersen ao rio.
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