Um homem - Uma mulher - Arakén, o agitador cultural - Maria de Lourdes, a ativista
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de julho de 1986
O jornalista e animador cultural Arakén Távora, 50 anos, é o exemplo de homem sempre preocupado com seus amigos. Batalhador de muitas redações, este paranaense de Rio Claro vem construindo uma obra intensa - que desde seus tempos de repórter de jornal até hoje, quando desenvolve projetos muito especiais, teve sempre a finalidade de valorizar aquelas pessoas em que acredita. paralelamente sempre foi também o repórter ativíssimo, com o senso da notícia, que em abril de 1964, três semanas após o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, publicava o primeiro livro sobre a revolução - que esgotou várias edições. Alguns anos depois, quando integrava a equipe da "Panorama", aqui editou, com dados exclusivos, encarte especial sobre o seqüestro do embaixador americano Elbreck, num dos momentos mais tensos da brutalidade desencadeada pela repressão do governo militar.
Atualmente, Arakén Távora coordena o projeto Encontro Marcado, que há dois anos vem levando os nomes mais expressivos da literatura brasileira ao encontro de interessadas platéias de estudantes em universidades brasileiras. Crescendo para o Exterior - em 1987, Arakén vai percorrer várias universidades americanas - o Encontro Marcado também amplia-se para as áreas de cinema e música, com o cineasta Nelson Pereira dos Santos e o compositor-cantor Luís Cláudio, respectivamente. Como sempre, teipes focalizando a personalidade em seu universo de trabalho, numa entrevista introdutória, é exibido antes do bate-papo com o público.
Arakén esteve novamente em Curitiba, realizando um teipe com os 13 artistas plásticos paranaenses que em agosto estarão numa coletiva na prestigiada Sala Bernardelli, no Museu Nacional de Belas Artes. Ali, onde há 2 anos, o mesmo Arakén montou uma retrospectiva em homenagem a Teodoro de Bonna, estarão com vários trabalhos (média de 8 metros quadrados cada um), representativos nomes de nossas artes plásticas: Suzana Lobo, Erico da Silva, Domício Pedroso, Wilson Andrade e Silva, Marcos Bento, Estela Sandrini, João Osório Brzezinski, Suely Piazetta, Fernando Calderari, Fernando Velloso, Renato Pedroso, Álvaro Borges e, naturalmente, Poty.
Há muitos anos que os amigos de Maria de Lourdes Montenegro vinham insistindo para que concorresse a algum cargo eletivo. Inicialmente para a Câmara, nas últimas eleições para a Assembléia legislativa. Entretanto, Maria de Lourdes sempre resistiu. Alegava que não era política, que preferia ajudar o seu Estado apenas como professora e socióloga. Agora, finalmente, decidiu enfrentar a batalha das urnas e mesmo sem esquemas financeiros ou apoiamentos de grupos, está fazendo bonita e honesta campanha para chegar a Câmara Federal.
Lapiana, filha de uma família tradicional, formada em Ciências Sociais e durante 15 anos professora de Sociologia e Estudos dos Problemas Brasileiros, em várias instituições (UFPR, Faculdade de Comércio Exterior, Fundação Educacional Cultura Espírita, Faculdade de Administração de Foz do Iguaçu), Maria de Lourdes sempre foi ativíssima. Integra várias instituições, trabalhou na Acarpa, foi socióloga do BNH e liderou movimentos populares - como o boicote à compra de carne, em fevereiro de 1980, que lhe deu projeção nacional.
Mãe de 3 filhos, 5 netos - mas jovem e charmosa, Maria de Lourdes dirigiu nos últimos anos a Fundação Rural de Recuperação e Integração, assessorou o prefeito Maurício Fruet e só agora, para disputar a Constituinte, afastou-se da Prefeitura. Relacionada em todos os setores, conservando sempre o bom humor, Maria de Lourdes se caracteriza pelo bom humor e uma sinceridade que a faz dizer sempre o que pensa. Para sua campanha, elaborou um decálogo no qual resume suas idéias e convicções: 1) Educar mulheres e homens para uma tarefa única: a construção de um novo Brasil; 2) Olhar a terra como um direito; 3) Pensar na alimentação e na moradia como abrigos; 4) Resgatar o trabalho como prazer; 5) Defender a saúde como condição; 6) Popularizar o conhecimento; 7) Promover a liberdade em todos os setores; 8) Respeitar a natureza, responsável pela vida; 9) Fazer da cultura meta a conquistar e; 10) Integrar-se as questões nacionais.
Presente sempre onde há movimentos justos, Maria de Lourdes esteve na semana passada em Laranjeiras do Sul, participando da manifestação de agricultores - categoria a qual sempre se identificou em seu trabalho de socióloga.
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