Cult-Movie - Som assegura êxito deste filme-horror
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de julho de 1986
O que faz um cult-movie? Tecnicamente, o cult-movie é aquele filme que na época que estreou não teve a repercussão devida e fracassou - mas cujos méritos são descobertos depois, transformando-se num filme de adoração, ampliando o entusiasmo do público a proporção que o tempo passa.
Outros já nascem predestinados ao sucesso. É o caso de "Casablanca", que 44 anos após sua realização, emociona sempre o público - e a prova é que em cópia 35 mm, está em exibição no cine Itália - antecedendo a reprise de um filme de Fellini, que, na época de estréia, ficou desapercebido, mas que talvez agora entusiasme; "Roma" (1972).
Mas há também os cult movie up to date. Neste caso, confundem-se as barreiras do artístico e do comercial, mas pouco importa: os resultados da bilheteria são satisfatórios. Querem um exemplo?
"A Hora do Espanto" (Fright Night), produção da Columbia, orçamento barato, que revisitando um tema de imensa filmografia - o vampirismo - caminha para ser um dos maiores sucessos de bilheteria do ano. A exemplo do que Roman Polanski havia feito há 18 anos (em "O Bebê de Rosemary", do romance de Ira Levin), colocando demonologia dentro de uma metrópole (Nova Iorque), o estreante Tom Holland faz com o vampirismo: ao invés de castelos mal assombrados da Transilvania, o Drácula deste filme aparece numa confortável casa num bairro da classe média americana. E justamente esta contemporaneidade do terror é que está fazendo, há seis semanas, "Fright Night" ter o imenso Vitória lotado. O diretor é estreante, o elenco não tem nomes famosos (só Chris Sarandon é mais conhecido, pois estreou há 11 anos, em "Um Dia de Cão", de Sidney Lumet, onde fazia o amante de Al Pacino), mas a aceitação do público é imensa. Para o sucesso do filme contribui muito a trilha sonora, montada por Irwin Mazur e Kevin Benson, e que desde a semana passada pode ser encontrada em edição nacional (CBS). Ao invés de uma trilha de efeitos tradicionais, como as que marcaram tantos filmes de terror, Holland optou pela montagem de uma sound track contemporânea, com grupos pop já conhecidos como J. Geils Band ("Fright Night"), Sparks ("Armies Of The Night") e Autograph ("You Can't Hide From The Beast Inside") e, especialmente, gente nova, como Ian Hunter ("Good Man In a Bad Time"), Evelyn "Champagne" King ("Give It Up"), Brad Fiedel ("Come To Me"), e grupos como April Wine ("Rock Myself to Sleep", "Let's Talk"), White Sister ("Save Me Tonight") e Fabulous Fontaines ("Boppin Tonight").
Assim, o som pop, bem equilibrado, acompanha as imagens de terror neste filme de terror que, ao lado de atração ao grande público, reúne elementos para figurar como um cult movie do gênero.
Enviar novo comentário