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Aramis

Grafitte não terá apoio mas Lápis ganhará sala

Foi uma pena que tudo não tivesse passado de mal-entendido. Alguém da Exclam teve uma feliz idéia, mas que, infelizmente, foi bombardeada já dentro da própria agência: a utilização do jovem Graffite (Palmilor Rodrigues Filho), 21 anos, como uma espécie de garoto propaganda da Labra, fábrica de lápis, cuja gorda conta é atendida pela agência de Hiram de Souza. Jovem, boa aparência, compositor e cantor, Graffite - como é conhecido - é um herdeiro artístico de seu pai, o sempre lembrado Lápis (Palmilor Ferreira Rodrigues, 1943-1978), que se queira ou não, é a figura mais marcante de nossa pobre área musical. xxx Graffite poderia - e muito bem - merecer o patrocínio da Labra. Ainda mais agora que a Lei Sarney vai estimular investimentos na área cultural, inclusive possibilitando descontos no Imposto de Renda. De princípio, por exemplo, poderia fazer um elepê com as músicas do pai intercaladas com algumas de suas próprias composições. Seria um bom exemplo de mecenato cultural. Entretanto, nossos empresários - e até mesmo os publicitários, que, a rigor, deveriam ter suas cabeças abertas a projetos culturais - não são sensíveis a investimentos na área cultural, preferindo estourar verbas de milhões de cruzados de seus clientes em onerosas campanhas na televisão ou revistas nacionais - muitas vezes de discutível retorno. xxx Mas se Graffite vai ter que continuar a lutar anonimante pelo seu espaço - assim como fez seu pai, que em vida jamais teve qualquer ajuda oficial ou privada (tanto é que morreu sem sequer ter feito uma única gravação em solo), ao menos há o consolo de que a memória de Lápis é lembrada. Paulo César Bottas, diretor executivo da Fundação Cultural, compositor e cantor, decidiu dar o nome de "Sala Lápis" a um dos espaços do Solar do Barão. A inauguração da "Sala Lápis" será com um show "informal e especial", diz Paulo César - que já convidou parceiros de Lápis - como Paulo Vítola - e intérpretes de suas músicas - como a cantora Evanira Santos, Marinho Gallera, coordenador da área de música popular da Fundação Cultural, também deve participar. Além, naturalmente, de Graffite. A propósito: Graffite é o nome de um novo e musical bar, inaugurado há poucas semanas no Alto do Cabral. Tem música ao vivo. Mas o filho do Lápis não é, infelizmente, sócio do mesmo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
21/06/1986

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