Login do usuário

Aramis

A guerrra imobiliária

Um fato interessante está ocorrendo na cidade, merecendo inclusive investigações mais profundas: os diretores de algumas construtora que moveram ações na justiça contra a polêmica Lei do Zoneamento, aprovado (a toque de caixa) pela Câmara Municipal há alguns meses (obedecendo, evidentemente, ordens do prefeito Saul Raiz) tiveram vitória de suas reinvidicações, podendo, assim, construir edifícios na dimensão pretendida - acima do que fixa a nova legislação. Acontece que o prazo para início das obras é de 60 dias, a contar da data de entrega do alvará por parte do Departamento de Urbanismo. Entretanto, os funcionários da Prefeitura não conseguem "localizar" os executivos das construções, pois estes terão, aceitando oficialmente a comunicação, uma contagem retroativa para darem início aos prédios. E como a época de vacas-gordas do mercado imobiliário emagreceu, não há investidores dispostos a fazerem novos espigões na cidade *** Serão cerca de 12 prédios, com gabarito mais alto do que a nova legislação permite, que, judicialmente, poderão serem construídas. Há dois anos, em plana euforia imobiliária, as construtoras que se sentiam prejudicadas pela lei de Zoneamento e que conseguiram reunir algum amparo legal, reclamaram na Justiça. Agora, tendo ganho de causa, encontraram, por outro lado, a necessidade legal de darem início as obras. O prazo do alvará caduca em 60 dias, não havendo efetivo início. E de nada adianta também apenas instalar-se no local e "maneira" uma construção: pela nova legislação, os prédios deverão ficar prontos em dois anos, no máximo. *** A nova lei de Zoneamento Urbano, que até hoje provoca discussões, corrigir pequenas distorções existentes. Houve muita gente que reclamou e também apareceram, é claro, os que gostaram dos novos critérios adotados. Os grandes edifícios somente podem, agora, se localizar em determinadas áreas e com isso alguns projetos foram abandonados. Exemplo clássico é o caso do grande conjunto de torres que se localizaria no bairro do Batel, em uma superquadra ao lado do chamado "Palácio do Lupion". A área está vazia, abandonada, há mais de 18 meses: vale muito em termos urbanos, mas só para construções de poucos pavimentos. O que, em termos imobiliários, é pouco atraente. MARX, O PAISAGISTA & O HOMEM O arquiteto-pianista Roberto Burle Marx, que foi um dos convidados para a inauguração do Edifício Presidente Castelo Branco, ontem, no Centro Cívico, aproveitou a visita a Curitiba para rever muitos amigos que aqui tem. Ciceroneado pelo sr. Lauro Gonçalves Simões, seu ex-assessor no Rio de Janeiro, agora radicado em Curitiba, Burle Marx visitou o atelier do ceramista José Ferbau, que vem tendo seus trabalhos colocados nos mais sofisticados endereços no eixo Rio-São Paulo. *** Com o arquiteto Lubomir Ficinski, presidente do Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba, Marx tratou, informalmente de alguns projetos que desenvolveu para a cidade, alguns dos quais ainda não executadas e que necessitarão de serem adaptadas, entre os quais o do Parque da Cidade, nas margens da BR-116. Afinal, só este ano é que o mesmo terá início concreto, já que a permuta de terrenos, numa operação triangular, envolvendo os ministérios da Educação e Cultura e Previdência Social, mais a Prefeitura, arrastou-se por muito tempo. *** Burle Marx, um homem de extraordinário bom humor, capaz de contar estórias incríveis - e que há muito já deveria ter passado para um livro a sua vivência internacional, é apaixonado pela música. Capaz de cantar desde modinhas maliciosas até as mais difíceis partes do "Ring" de Richard Wagner, ele que, como desendente de alemães, conhece como poucos a obra do compositor de Bayreuth.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
22/03/1978

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br