8 meses com muito dinheiro para "festival" da cultura
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de abril de 1992
Curitiba terá nos próximos 8 meses - encerrando a administração Jaime Lerner - uma "época de ouro" em termos de evento artístico-culturais-promocionais. Cada vez mais entusiasmado com o marketing que vem obtendo, o alcaíde Lerner liberou recursos de milhões de cruzeiros para que a Fundação Cultural de Curitiba - hoje já com um custo aproximado de US$ 500 mil ao mês, segundo cálculos de vários analistas orçamentários - possa trazer cada vez mais profissionais de outros estados, firmar vultuosos contratos com empresas de assessoria e promoções artísticas, para, semanalmente inundar a cidade com promoções milionárias.
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A X Bienal da Gravura, em sua pretensão de se internacionalizar, além de já ter contratado a Singular para cuidar exclusivamente de sua badalação, tem uma curadoria artística integrada pelo carioca Paulo Estelita Herkenheff e o paulista Ivo Mesquita, mais a curitibana Uiara Bartira (Saproti Cioffi) e Nilza Procopiak. Uiara, 43 anos, retornou há pouco de uma longa viagem internacional, iniciada no Canadá e encerrada na Argentina - com escala em vários países, totalmente financiada pelos recursos oficiais - e na qual teve tratamento vip.
Informações a serem confirmadas - inclusive para motivar pedido de informações da bancada oposicionista da Câmara Municipal - falam de que só nesta viagem a Fucucu gastou mais de US$ 50 mil.
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A Fucucu também terá uma presença no próximo encontro de Cinemateca do Uruguai. Passagem aérea já está sendo providenciada para o ator Francisco Carlos Nogueira, diretor da Cinemateca, para ele passar uma semana na capital uruguaia. Valência Xavier, coordenador do projeto Americanidade, também deverá comparecer - só que este, pelo seu efetivo prestígio, competência e relacionamento na área cinematográfica, deverá ser convidado oficial da coordenação do evento, dispensando gastos do município. Valêncio, aliás, não é funcionário da Fucucu, embora seja quem esteja, com sua capacidade, possibilitando que o projeto Americanidade, venha sendo desenvolvido - de forma prática, correta e com bons resultados.
Júlia Pelegrino, cearense que por algum tempo foi assessora do Antigo Divisão de Música popular da Fundação Nacional das Artes - ali tendo alguma projeção graças a generosidade do incansável Hermínio Bello de Carvalho, é agora também consultora da Fucucu. Já está instalada na cidade, como principla executora da Bienal de Quadrinhos, de custo altíssimo que se estenderá por vários dias. Seria interessante que quadrinhólogos locais como Key [Inagurie] Júnior e Célio Heitor Guimarães, que há mais de 25 anos se dedicam a valorização dos "comics" entre nós, fosse[m] convidados para as mesas redondas programadas. Assim como o professor Francisco Araújo, gaúcho, primeiro mestre a levar o ensino das HQs ao nível superior - o que fez em 1971, na Universidade de Brasília quando ali era professor de literatura.
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A atriz carioca Clarice Dersier Luz, que na ponte aérea Rio de Janeiro-Curitiba, hospedando-se em [suíte] no araucária Flat, sempre a convite da presidência da Fucucu, está agora radicada definitivamente por aqui. Foi contratada para dar aulas de expressão corporal dentro do Projeto Piá, financiado pela Secretaria do Menor. Méritos à parte, mais uma vez se deu preferência para uma pessoa de fora para exercer um trabalho para o qual existem certamente profissionais competentes em Curitiba. Clarice foi a atriz contratada, no final do ano passado, para três leituras dramáticas da peça "Viúva Porém Honesta", apresentadas em sessões da mia noite, em palco improvisado no Cine Rui Barbosa - sala ocupada pela exibidora Vitória - e que a Fundação pretende transformar em mais um teatro a partir de julho.
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Sem dúvida, a fundação Cultural de Curitiba está gastando bastante. Até a oposição à Jaime Lerner quer cumprimentá-lo por tantos contratos e iniciativas - desde que os valores e detalhes sobre as pessoas beneficiadas sejam devidamente esclarecidos.
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