harry connick Jr., ou o Sinatra da década de 90
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de março de 1992
Especulações não faltam: quem substituirá a Frank Sinatra, a maior voz do show busines americano - e mundial, por certo?
Embora The Voice não tenha pendurado as chuteiras em definitivo - embora, aos 75 anos, completados a 12 de outubro último (naturalmente com uma festa extraordinária no Madison Square Garden, New York, transmitida pela Rede Manchete no Brasil), já dê mostras de estar na reta final, há muito que muitos sonham com o trono do cantor que, neste últimos 50 anos, mais embelezou a música romântica.
O também Ítalo americano Tony Bennett (Anthony Domínico Benedette, Queene, N.Y., 13/8/1926) foi, já há mais de 15 anos, lembrado pelo próprio Sinatra como o seu sucessor - mas só que aos 36 anos, com uma carreira sólida e quase tão famoso quanto Sinatra (embora perca porque nunca fez cinema como ator), Benett tem seu espaço definido. No estilo de Sinatra surgiram muitos, mas poucos resistiram.
Isto há 4 anos, quando um pianista-cantor - sabendo escolher o melhor repertório dos grandes mestres, na mesma linha de Bobby Shorter e Michael Feinstein, ganhou, em definito, o podium dos favoritos sinatreanos: Harry Conick Jr.
Aos 25 anos, excelente presença, bonito, também ator a partir da trilha sonora que fez para "Harry e Sally") Connick passou a ser conhecido no Brasil. Hoje, já tem meia dúzia de álbuns - naturalmente todos em Cd e vinil aqui editados e dois vídeos, nos quais esbanja toda sua categoria de pianista e, sobretudo cantor.
No final de 1990, Connick Jr. decidiu mostrar que também é compositor em "Blue Light, Red Light"(Sony Music). Escreveu, arranjou e orquestrou todas as músicas - 12 ao todo - sendo que a maioria delas são composições para big band. Há jóias, destinadas a entrarem entre os standarts deste final de milênio, como "A Blessing and a Cruse", "You didn't Know me When", "Just Liss me" ou a faixa título, além das baladas "Jill" e "Sony Cried". Estas duas, aliás, são cantadas num solo de piano e de guitarra, respectivamente. Há ainda outros momentos de maior enternecimento como "He is... they are", "If I Could Give Yor More" e "It's Time". Os acompanhantes do seu trio habitual - o baixista Bem Wolfe e o baterista Shannon Powell - também participam da orquestra de 17 (ótimos) músicos.
"Blue Light, Red Light" saiu, no ano passado, no momento de maior ascensão de Connick Jr. seus álbuns anteriores, "We are in Love" e "Lofty's Roach Souffle" escalaram as paradas de jazz da Billboard e o "We Are In Love" ganhou Disco de Platina - o que somado a trilha de "When Harry Met Salv" também lhe ajudaram a conquistar já dois Grammyes no ano passado, em fevereiro último (ironicamente, o velho Sinatra, com todo seu talento e fama, nunca ganhou um Grammy).
Ao público mais velho, Connick lembra Sinatra em seu melhor estilo - mas com assumidas influências de Dick Haymes (vocais), Theloniicus Monk e Duke Ellington (no piano). Para a faixa mais jovem, especialmente a feminina, encanta por seu good looking, como se pode ver no vídeo a disposição - "Singin"& Swingin" e lançado pela Sony Vídeo. Aliás, neste vídeo, Harry cita Sinatra entre suas fontes musicais dizendo: "Como todos sabem, tenho certeza de que ele é o maior cantor que se tem por aí. Ele é o rei".
E se Sinatra só veio ao brasil apenas duas vezes - e isto depois de inúmeras promessas - Harry Connick Jr. já se poderia ter apresentado no Rio e São Paulo. Há algum tempo, quando tocava piano no Park Meridien, em Nova York, um "inteligente" empresário recusou pagar o seu cachê de então US$ 7 mil para uma temporada em São Paulo (hoje, não senta no piano por menos de US$ 500 mil). O pior aconteceu com o Free Jazz: seu nome, oferecido dentro de um pacote extremamente econômico, foi recusado. Pois é a burrice é grave.
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