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Aramis

Reflexões de um lobo na madrugada

"Nada mais melancólico do que um bar fechando. Parece que lá fora não existe amanhã e que a calma do fim da noite e o chegar da madrugada são prenúncios de terríveis desencontros. Cada um para o seu lado, cada um a caminho do seu problema, da mulher que vai repetir as mesmas frases de violenta censura, a mesma sessão de gritos e repetidas cenas cujos temas variam entre separação e dormidas no sofá da sala". xxx "Uma parada da época era o "Juca's Bar. Nós traíamos um pouco o Vilariño no Juca's. Foi lá que conheci Newton Freitas, Luís Coelho, Luís Jardim e tantas outras pessoas que me proporcionaram momentos felizes, onde o gole, de uísque não continha o fel dos tempos atuais nem os bate-papos os assuntos envenenados que engrossam o sangue, ferem o corpo e explodem a alma num vômito de ódio". xxx "É a beira da praia, e somos retrato do poema de Homero Homem: um bando de homens que se transformam em meninos quando a praia é nossa. Ninguém lembra da casa deixada, dos problemas e das queixas que dentro dela se fazem habitantes sem possibilidades de despejo. Somos pés descalços, areias no mar escolhido ao nosso gosto, donos de terra, mar e ar, sem limites, um condomínio perfeito". (Fernando Lobo, pescador de fins-de-semana, companheiro do poeta Homero Homem, recentemente falecido, e de seu filho Edu). xxx "Somos estes cavalheiros da noite e do sol. Trazemos nas bocas uma canção de ontem, na alma inteirinha, a lembrança de todos os nossos encontros, que se resumiam em trocas e acertos. Jamais as ganâncias nem os atropelos. Ficou lá longe a melhor canção, que pode ser triste como os sambas que falam de saudade ou alegre como as marchinhas dos antigos carnavais".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
22/03/1992

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