O romantismo bem latino e suave do Trio Irakitã
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de março de 1992
Na grande fase dos grupos vocais que faziam a melhor música brasileira, o Trio Iraquitã, formado por Edinho (Edison Reis da França, 1930-65), Paul Gilvan (Recife, 1929) e Costa Neto (Nata, 1930) projetaram-se como grandes intérpretes não só de MPB mas também de boleros. Há 40 anos o conjunto sai de Natal e após escalar em Recife iria excursionar pelo Norte chegando até as Guianas, inglesa e holandesa, além de visitar a ilha de Trinidad, apresentando em Caracas, Venezuela, Colombia e outros países. Depois viajariam ao México, antes de, em 1954, fixarem-se no Rio de Janeiro, contratados pela Rádio Nacional e Odeon, onde fariam uma série de discos de grande sucesso. O Trio cantava boleros, sambas-canções e baiões, participou de 12 filmes de Edinho, abalou o grupo, mas Toni (Antônio Santos Cunha, Ceará, 1936) suas atividades. (Faltou alguma palavra aqui? )
Felizmente, há alguns anos, o Trio Irakitã ressurgiu - já com uma terceira voz substituindo Toni, e com um repertório extremamente romântico e nostálgico, especialmente na linha de boleros reencontraram um espaço junto a uma faixa específica e público e clubes, mesmo sem ter, naturalmente, a mesma mídia promocional que alcançavam na década de 50.
Reeditando fonogramas gravados entre julho/agosto de 1989, na EMI-Odeon, a CID/Fama lançou recentemente "Grandes Momentos", reunindo sucessos latino-americanos, especialmente boleros dos mais agradáveis, que nas vozes do Irakitã embalaram milhares de romances. Assim, como "Para Vigo Me Voy" (Ernesto Lecuona), "[Estoy] Perdido" (Victor Manuel Mato), ou então temas mexicanos como "Cielito Lindo", "Adelita" e "Ay! Jalisco No Te Rajes", eles oferecem um panorama latino-americano de canções. Mas há também ao menos dois dos mais [movimentados] sambas de Luis Bandeira - "Apito no Samba" (parceria com Luiz Antonio, que foi por anos prefixo do "Canal 100", cine jornal de Oscar Niemeyer) e "Na Cadência do Samba". Além de recordarem "El Hamahuaqueño"," Recuerdos de Ypacaraí" e até o mais popular calipso que Harry Belafone internacionalizou - "Matilda, Matilda" (1956). Uma bonita reedição.
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