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Aramis

Capri ataca com humor e Ayrão usa até boleros

Entre as boas surpresas reveladas pela Arca, uma nova etiqueta surgida no ano passado, está o sambista Capri, legítimo integrante da mesma família de compositores que vai de Moreira da Silva a Bezerra da Silva (aliás, ambos com novos discos na praça), e que, com menor voltagem mas alguma inspiração, inclui também gente como Cyro Aguiar ou Dicró. A busca de temas bem cariocas - mas universais ao mesmo tempo em sua simplicidade - e que fazem de "O Samba Descontraído de Dicró [Capri]" um disco, no mínimo, gostoso de se ouvir. Como diz a própria contracapa do LP, os títulos das músicas de Capri ou dos autores por ele selecionados - "Cão Pastor 171", "Terreiro do Fernandão", "Baixinho Injuriado", "Miau" (Gato Português)", "Carbono Bom" podem parecer quadros de um programa de humor. Aliás, não deixam de ser. Mas o humorista é Capri, carioca de Vila Isabel, criado no Engenho Novo, partideiro com influências de Moreira da Silva e Jorge Veiga - e que tem mapeado o Rio de Janeiro nestes últimos anos em suas gafieiras, biroscas, botequins da moda, quadras de escolas de samba. Outro que também busca a descontração e o humor é Luiz Ayrão, que começou como bolerista nos tempos de ié-ié mas ao longo de 17 anos de carreira tem buscado seu espaço no território do samba. Carioca de Madureira, após anos de Odeon, estréia agora na Nova Copacabana, com um LP intitulado "Samba na Crista" - que já homenageia na faixa de abertura ("Portela Dividida"), a Escola de Samba nos tempos de Natal - José Natalino do Nascimento. Luiz Ayrão tem sido criticado por áreas mais radicais do samba devido sua busca de ecletismo: o romantismo no samba, intercalado até de boleros e tangos - como no lado B, onde mistura "Nossa Canção" (que foi êxito na voz de Roberto Carlos) ao clássico "El Dia Que Me Quieras". Defendendo-se e justificando-se, Ayrão diz: "O importante é mostrar a música brasileira e fazer com que ela ganhe outras dimensões."
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
3
25/05/1986
gostaria de saber sobre o LP do capri se ainda consigo comprar.

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