São mais de 50 filmes - entre curtas e médias metragens, realizados desde a primeira década até trabalhos recém-concluídos - que estarão sendo exibidos a partir de amanhã, nos cines Groff e Cinemateca, dentro da Retrospectiva do Documentário Brasileiro. Embora tenha havido preocupação do coordenador-geral do evento, Francisco Alves dos Santos em repetir alternativamente os programas para que maior número de espectadores possa conhecer filmes raros, há muito merecedores de serem apresentados - será praticamente impossível acompanhar toda a programação. Paralelamente, nas sessões da noite, no Groff, haverá debates e mesas redondas e nomes ligados ao cinema brasileiro - tanto na realização como na política de exibição - aqui estarão presentes. Entre outros, Cosme Alves, diretor da Cinemateca do MAM-Rio; Bernardo Vorubuoux, da Fundação Cinemateca Brasileira-São Paulo; Guido Araujo, diretor das Jornadas de Documentários da Bahia; Romeu Grimaldi, diretor da Casa Mário Quintana, em Porto Alegre; José Barros, de Belo Horizonte; Marco Antônio, coordenador do festival do cinema de Brasília; Gustavo Dahal, presidente do Concine e, recém-chegando de Cannes, o diretor de assuntos culturais da Embrafilme, José Carlos Avellar, que também autografará seu novo livro de ensaios cinematográficos. Até mesmo o ministro da Cultura, Celso Furtado, poderá comparecer a sessão de encerramento do I Fórum de Cinema Documentário Brasileiro, prevista para a noite do próximo sábado, dia 31, no Solar do Barão - onde haverá as reuniões e plenário dos representantes das seccionais da Associação Brasileira de Documentaristas. Primeiros Programas Amanhã, segunda-feira, já serão exibidos 12 antigos documentários, a maioria dos quais fragmentos recuperados pelas Cinematecas. O primeiro programa será no Cine Groff (16 horas) e Cinemateca (20 horas) com "Carnaval em Curityba", 1910, de Anníbal Requião; "O Passeio da Sociedade Juvenil Recreio Juvenil", 1912, de Eduardo Hirtz (Rio Grande do Sul); Panorama de Curityba", 1912, de Requião; "Ritual e Festa Bororo", 1916, do major Thomas Reis (RJ); "No País das Amazonas, Seringueiras e Castanheiras - No Rastro do Eldorado", 1922, de Silvino Santos (Amazonas); Exposição do Centenário - 1822-1922 (São Paulo) e Jubileu de Blumenau, 1925, de Hosé Jullianelli (SC). O segundo programa - previsto para as 22 horas na Cinemateca, inclui quatro filmes: "Flores de Uma Raça - A eleição de Miss Brasil", 1929, da Botelho Filmes (RJ); e três filmes sobre a Revolução de 1930: "Pátria Redimida", de João Baptista Groff; "Revolução de 30 em São Paulo" e "Revolução de 30 no Rio Grande do Norte". Para terça-feira, o programa para as 16 horas no cine Groff - e 20 horas na Cinemateca - será o seguinte: "Casamento Polonês", 1953, de Hermes Gonçalves (PR); "Obras Novas, Evolução de Uma Indústria", 1953 (SP), Índios Xetá na Serra dos Dourados, 1954, de Vladimir Kosac e Loureiro Fernandes (PR); Brasilianas: "Aboios e Cantigas"; 1954; "Cantos do Trabalho", 1955; "Engenhos e Usinas", 1955: "Manhã na Roça" e "Carro de Bois", 1954, todos de Humberto Mauro. O segundo programa para terça-feira - 20 horas no Groff e 22 horas na Cinemateca - inclui quatro documentários bastante polêmicos, realizados no esplendor do cinema Novo: "Aruando", 1960, de Linduarte Noronha (Paraíba): "Arraial do Cabo", 1960, de Paulo Cesar Sarraceni e Mário Carneiro (RJ): "Romeiros da Guia", 1962, de João Ramiro Mello e Vladimir Carvalho (Paraíba) e "Maioria Absoluta", 1963, de Leon Hirzman (RJ). Até sábado, dia 31, sempre em sessões na Cinemateca e Groff, prosseguem as exibições de documentários agrupados, na medida do possível, por identidades temáticas, grupos de realizadores etc. Há filmes interessantíssimos, fundamentais para quem se interessa pelo nosso cinema e história. Assim, estão programados "Viramundo" (64, de Geraldo Sarno); "Opinião Pública", 1967, de Arnaldo Jabor (excelente documentário do mesmo diretor de "Eu Sei Que Vou Te Amar"); "A Mão do Homem" (1971, de Paulo Gil Soares); "Cinema Gaúcho, Anos 20" (1975, de Antônio de Jesus Pfeil); "Póstuma Cretã" (1980, de Ronaldo Duque); "Poty" (1980, de Valêncio Xavier); "Mato Eles?" (9183, de Sergio Bianchi); "Profissão Travesti" (1984, de Olivio Tavares de Araújo); "O Homem de Areia" (9182, de Wladimir Carvalho); "Desapropriado" (1984, de Frederico Fullgraff); "Cone Sul" (1984, de Enio Staub e João Guilherme Regis e Silva (RS); "Patativa do Assaré" (1984, de Jefferson Albuquerque, CE); "Frei Tito", 83, de Marlene França e "Em Nome da Segurança Nacional", 1984 de Renato Tapajós (Filme proibidíssimo e perseguido, que terá agora sua primeira exibição em Curitiba); "Jango", 83, de Silvio Tendler; "Raso da Catarina", 84, de Guido Araújo; "Fala Só de Malandragem", 85, de Denoy de Oliveira; "Vianinha", 86 de Jorge Achea (9186) e "Bajado, Um Artista Popular", 85, de Katia Mezel e Sany Lafont (PE). O encerramento, será com o melhor filme nacional de 85 - "Cabra Marcado Para Morrer", de Eduardo Coutinho (Cine Luz, dia 30, 16 e 22 horas). LANÇAMENTOS Paralelamente aos outros eventos, haverá também na Galeria Schaeffer uma feira de livros sobre cinema. Ali, José Carlos Avellar autografará seu novo livro "Cinema Dilacerado" (Editora Alhambra). Nos bairros (Circo I e Circo II), estarão sendo exibidos dois documentários com temas esportivos: "Garrincha, Alegria do Povo", 1963, de Joaquim Pedro de Andrade e "Subterrâneos do Futebol", 64, de Maurício Capovilla.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Seção de Cinema

Página: 7

Data: 25/05/1986

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