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Aramis

Trio Elétrico, 25 anos

A vinda dos trios elétricos para animar os carnavais do Sul que o público descobrisse uma nova forma de alegria momesca. Mesmo os frios espectadores do carnaval curitibano não resistiram ao calor e entusiasmo da Caetanave do Trio Elétrico Tapajós, em 1973, quando os baianos vieram mostrar aos tupiniquins da terra o que era a novidade, fazendo o povo sambar no asfalto da Marechal Deodoro apesar da atônita polícia querer impedir a explosão da alegria. Visualmente um espetáculo de grande beleza a noite, com milhares de lâmpadas iluminando os executantes colocados sobre um caminhão especialmente instalado, de intensa força auditiva, fazendo fazer chegar a sua música aos mais distantes pontos, o Trio Elétrico conquistou também a fonografia. A Phonogram já produziu quatro lps com o Tapajós, o mais organizado industrialmente destes conjuntos, hoje com uma equipe de quase 30 músicos profissionais trabalhando todo o ano - em feiras, campanhas políticas, promoções comerciais, etc. Mas a história do Trio Elétrico não começou com o Tapajós, mas sim com Dodô e Osmar, que nas vésperas do Carnaval de 1950 "na península Itapagipana, populoso bairro de Salvador, conspiraram uma revolução que iria modificar completamente o velho Carnaval sotoeropolitano. Dodô, expert em eletrônica, trabalhando arduamente construindo instrumentos de som estridente e característico, enquanto Osmar, dedilhando cavaquinho, compondo frevos e adaptando músicas eruditas ao ritmo quente da folia, vaticinaram: vamos botar o povo pra pular até quarta feira. E há 25 anos os baianos assistiam pela primeira vez um velho Ford de bigode enchendo a Rua Chile de som alucinante com dois rapazes a provocar tudo aquilo. Era a "Dupla Elétrica" que pegou em cheio aumentando nos Carnavais posteriores. Com a inclusão de um terceiro instrumento o nome passou para Trio Elétrico, que só 20 anos depois ganhariam divulgação nacional, com o frevo de Caetano Velloso que assina entusiástica nota de contracapa de "Trio Elétrico/-Dodô e Osmar" (Continental, 1-01-404-095, janeiro/75) produzido por Moraes Moreira especialmente para comemorar o jubileu de ouro do Trio Elétrico. Ex-integrante dos Novos Baianos autor de músicas de sucesso como "Preta pretinha", "Besta é tu", "Ferro na boneca", etc., Moraes participa desta gravação cantando o frevo "Jubileu de pata", que abre a face A desta documental lp. No instrumental Armandinho do Bandolim, comanda o espetáculo como acentua Caetano Velloso. Filho de Osmar, mede forças com seu velho "Desafilho" (Desafio de pai com filho") Dodô alimenta a briga no violão enquanto Betinho o primogênito, intervém como juiz falando grosso no baixo eletrônico. Na percussão filhos, genros e sobrinhos dos criadores. De grande importância no Carnaval baiano - e hoje começando a ter imitações em outras cidades, o Trio Elétrico pode ter sua importância avaliada através deste lp bem produzido com uma excelente seleção de músicas: "Tão pequenino", "Frevo do Trio Elétrico", "Double morse", "Carmen no frevo", e "Já vai tarde", dos inventores Dodô e Osmar, "A dança da multidão" e "Vou tirar de letra", de Moraes Moreira, além de pot pourri que inclui desde "Asa Branca" (Humberto Teixeira/Luiz Gonzaga) até adaptações de temas de Paganini (Moto perpétuo) Liszt (Rapsodia hungara) Fritz Kraisler (hora Sstacatto) Mozart (Marcha turca) e Monti (Czardas). Um lp importante para este triste carnaval.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
12
13/02/1975

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