Já no copião as "Crônicas da Paixão"
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de fevereiro de 1988
O projeto mais audacioso da chamada "Turma do Balão Mágico" - a afetuosa designação de um grupo de cineastas com idade que vai dos 15 aos 30 anos, reunidos em torno da Cinemateca do Museu Guido Viaro, é "Crônicas da Paixão", seis sketches com "histórias diferentes, mas personagens comuns" - como explica um dos líderes do grupo, Nivaldo Lopes - o Palito, autor da história com o longo título de "Foi Besteira tua, Pensar que nós nos Amávamos".
Financiado pela Fundação Cultural (que em troca vai exigir que os realizadores integrem-se a um programa de cinema nos bairros da cidade, inclusive com a realização de vídeos comunitários), "Crônicas da Paixão" ainda está em fase de produção. As filmagens foram realizadas entre dezembro a janeiro, em várias partes da cidade, mas os negativos, revelados, somente chegaram no último fim de semana. Naturalmente, os seis cineastas envolvidos no projeto estavam nervosos, na expectativa de ver projetado, mesmo que em copião bruto, sem qualquer tratamento, aquilo que rodaram em 16mm.
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Com jovens intérpretes - que participaram na produção, como sempre, sem qualquer remuneração, "Crônicas da Paixão" será formado pelos seguintes episódios: "A Rainha do Lar", de Bolinha, com Cristiane Macedo e Paulo Frieb - o albino ator, que praticamente é o intérprete de todos os filmes do grupo. Os gêmeos Schulmann atacam com histórias diferentes: enquanto Werner realizou "Requiém de Natal", Willy fez "Enquanto a Morte não Vem". Dois outros irmãos também se integram ao projeto: os Faccione, de Maringá, estão presentes. Mauro, 27 anos, engenheiro elétrico, residindo em Florianópolis, fez o episódio "O Mal Selvagem", enquanto o seu irmão caçula, Fabiano, dirigiu "Solidão". Os irmãos Faccione foram alunos do cineasta Ozualdo Candeias, no último curso que o diretor de "A Margem" orientou em Curitiba - e que teve como parte prática a produção de um curta-metragem, com argumento de Valêncio Xavier - ainda não finalizado. Os outros cineastas admitem que o curso básico, que os auxiliou, foi aquele que Mauro Alice, curitibano, um dos mais respeitados montadores do cinema brasileiro, deu na Cinemateca, há mais de cinco anos.
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