Mode, um som para a massa
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de fevereiro de 1988
Uma curiosa estréia para o público brasileiro: o grupo pop Depeche Mode, que já tem seis anos e seis elepês (mas só agora chega entre nos), é liderado por Andrew Fletcher, que declara sempre como a intenção do conjunto, "procurar um som popular, sem artificialismo". O grupo interpreta exclusivamente músicas de Martin Gore e Fletcher, "buscando sons diferentes através da utilização de circuitos eletrônicos de computadores para criar novas sonoridades provenientes de uma variedade de fontes - pop, músicas étnicas, estruturas de estúdios, além de batidas e ruídos que são abstrações dos barulhos noturnos das cidades".
Alan Wilder, responsável pela "transcrição eletrônica das letras", diz:
- "Tratamos as músicas com o maior respeito e usamos os recursos eletrônicos apenas para aumentar sua intensidade".
Para quem quiser conhecer, na prática, os som de Depeche Mode, está na praça o seu elepê "Music for the Masses" (WEA), que a partir da faixa título relaciona-se com a origem do grupo: seu líder Fletcher insiste em dizer que o grupo sempre procurou o grande público, apesar de temáticas de músicas que vão do sado-masoquismo ("Master and Servant"), doenças ("Shake the Disease"), Deus ("Blasphemous Rumours") e até mesmo os efeitos da crise econômica nos casos de amor ("Get the Blance Right" e "Love in Itself"). Temas, convenhamos, bastante insólitos. O grupo começou a aparecer na Inglaterra em 1981, com músicas como "Dreaming of Me", "New Life" e "Just Can't Get Enough". Segundo a WEA, até na Rússia eles já são populares. Será que as massas socialistas entendem o som destes ingleses?
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