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Aramis

JAMES DEAN Cal, Jim, Jett, Jimmy... (Todos os jovens do mundo)

Cal Trask em "Vidas Amargas": o personagem de John Steinbeck, claramente recontando na Califórnia dos anos 20 a tragédia de Abel e Caim. Cal (Dean), o adolescente solitário, carente afetivamente, que busca desesperadamente o amor do pai, Adam (Raymond Massey) e inveja os carinhos ao irmão, Aron (Richard Davalos), bem amado pela noiva Abra (Julie Harris), Dramáticos personagens de um dos mais belos filmes da história do cinema - "East Of Eden", que resiste, trinta anos depois, a qualquer revisão crítica. Jim Stark (Dean) em "Juventude Transviada": o adolescente em crise familiar, chocado com o matriarcado que vê massacrar seu pai, Jim (Jim Backus) e o faz buscar refúgio nos braços de Judy (Natalie Wood). A briga com Buzz (Correy Allen), a violência que persegue o jovem e inseguro Plato (Sal Mineo) fazem de "Rebel Without A Cause" o mais claro painel de angústias e dúvidas de uma geração - motivando com que o filme de Nicholas Ray mantenha-se até hoje em sua energia e atualidade. Jett Rink (Dean), o pobre cowboy que se transforma em bilionário do petróleo no Texas em "Assim Caminha a Humanidade", mas envelhece frustado e triste, invejando seu inimigo, Bick Benedict (Rock Hudson) e sua bem amada Leslie (Elizabeth Taylor). "Giant", do romance de Ednar Ferber, mais do que uma romanceada história do Texas, foi um filme sobre conflitos humanos e indagações das gerações que se sucedem - num filme que também resiste ao tempo. Cal Trask, Jim Stark e Jett Rink - três personagens que consagraram James Dean como ator. Já se disse que se não tivesse morrido aos 24 anos, teria, como Marlon Brando - seu companheiro de geração e como ele também um rebelde às normas de Hollywood - envelhecido, engordado e possivelmente feito muitos filmes - medíocres e dispensáveis. A morte de Dean o preservou nas imagens. Antes dos três filmes como astro, ele apareceu em pontas em três produções que ninguém mais lembra: "Baionetas Caladas" (Fixed Bayonets, 1951), de Samuel Fuller, "O Marujo Foi na Onda" (Sailor Beware, 1951), de Hal Walker, e "Sonfonia Prateada" (Has Anybody Seen My Gal?, 1953), de Douglas Sirk. Entre 1951 e 1954, Dean apareceu em comerciais e programas na televisão, inclusive fazendo algumas telepeças de prestígio. Na Broadway, conseguiu papéis de importância em dois espetáculos elogiados: "See The Jaguar", de Richard Nash, direção de Michael Gordon (estréia a 3/12/1952, Cort Theatre), e "O Imoralista", de André Gide (Royale Theater, 1/2/1954), ao lado de Geraldine Page e Louis Jourdan. De sua vida já se falou muito: nasceu em Marion, Indiana, em 8 de fevereiro de 1931, filho de um dentista, Wilton Dean. Sua mãe, Mildred, morreu de câncer aos 29 anos, deixando-o órfão aos 9 anos de idade. Foi viver então com seus tios, Marcus e Hortense Winslow, em Fairmount. Na Escola, já se mostrava um desajustado e rebelde. Míope (usava óculos de 3 graus), começou a se interessar por teatro e quando foi morar em Santa Mônica, Califórnia, para estudar direito, passou a assistir aulas de teatro, Mudou-se para Nova Iorque, onde teve aulas no Actor's Studio e começou a buscar suas primeiras oportunidades - na televisão, teatro e finalmente cinema, onde teve sua grande chance pelas mãos de Kazan, justamente um dos diretores do Actor's Studio. No mais, realidade e lenda se confundem: paixões incompreendidas (apaixonado pela atriz italiana Pier Angeli, sofreu quando ela preferiu casar-se com o cantor Vic Damone), entusiasta por touradas e corridas, insinuações inclusive de casos homossexuais. Finalmente, quando estava com três filmes prontos para transformá-lo no maior astro dos anos 50, a morte o colheu na estrada. Morria o ator. Nascia o mito.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Domingo Especial
Nenhum
29/09/1985

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