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Aramis

Mosso, tributo ao compositor gaúcho

A valorizacão que a Sigla/Som Livre, associada a RBS-Zero Hora,vem dando a música gaúcha nestes últimos dois anos tem possibilitado que dezenas de autores, intérpretes e instrumentistas do Rio Grande do Sul possam fazer seus discos. Agora chegou a vez de um dos mais respeitados pianistas e compositores gaúchos, Armando Albuquerque (Mosso), aos 84 anos, gravar o seu primeiro lp. Como bem diz Celso Loureiro Chaves, responsável pela producão, a música de Armando Albuquerque tem sido ouvida em muitos lugares e em [várias] oportunidades "mas não o suficiente para torná-lo conhecido, ele que é um dos mais importantes compositores da música brasileira". O seu caso espelha a própria situação da criação musical no Brasil, muitas vezes reduzida a esforços individuais que - pela sua própria natureza- não conseguem vencer a barreira do descrédito, da desconfiança, da ignorância. Há quase 60 anos (l926), Armando Albuquerque compunha "Pathé-Baby", para piano-solo - e desde então o seu ritmo de produção tem-se mantido inalterado, englobando a música de câmara, as canções para piano e voz e a música para piano-solo. Uma produção grande e coerente, mantendo sempre a originalidade exuberante "que reflete o espirito aventureiro de um compositor que não segue ninguém a não ser a si próprio e que favorece a justaposição das idéias musicais e raramente o seu desenvolvimento". Um talento imenso, como tantos condenados a permanecer no esquecimento da província, se a Coordenadoria de Música da Subsecretaria da [Cultura] do governo do Rio Grande do Sul (que lá funciona, ao contrário da incompetente pasta no Paraná) não tivesse se associado a Sigla/RBS para a edição deste lp que documenta alguns expressivos exemplos da criação de Mosso: a música de câmara (através da "Sonatina para violinos e piano"); as canções (através da "Serenata detrefoá", da Oração da estrela Boeira" e de "Lua Boa") e a música para piano-solo - abarcando um período que se estende de l926 - o " Pathé-Baby" a l952 - a "Suite l952". Está presente também o "Prelúdio Fantasioso-Elegiático", uma das raríssimas peças que Mosso compôs para outro instrumento - no caso o violino, aqui executado por Marcello Guerchfeld, instrumentista que também participa da faixa "Sonatina" ( l94l) em duo com a pianista Maly Weisenblum. Em "Lua Boa", canção de l947, ouve-se a voz de Lucia Passos e o piano de Celso Loureiro Chaves. Um disco-documental importante, fazendo justiça a um compositor gaúcho que, em 84 anos, só agora tem a alegria de ver suas obras reunidas num lp. Mas pelo menos ainda teve esta homenagem em vida. Pior o que aconteceu com o nosso Bento Mossurunga (l879-l970), falecido há l5 anos, sem nunca Ter tido em vida uma única de suas centenas de composições registradas em disco.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
38
29/09/1985

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