Jamurschi e Waits no primeiro filme
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de maio de 1988
Chico Alves, o executivo municipal da área cinematográfica, argumenta que "razões contratuais" impedem, muitas vezes, maior número de projeções dos filmes que são incluídos em mostras culturais. Muito bem!
Entretanto, tratando-se de uma promoção oficializada por uma representação estrangeira e com aval da mais respeitada instituição cultural cinematográfica - Cinemateca do MAM-RJ - com direção de Cosme Alves Neto e Ronaldo Monteiro - não deve ser difícil negociar que se faça duas ou três sessões diárias, ao menos de alguns dos filmes programados.
Absurdo será fazer o que está previsto: nas sessões das 14, 16 e 18 horas, o Ritz estará exibindo uma pornofita, chic, pretensiosa, com elenco global - "Espelho da Carne", de Antonio Carlos Fontoura - em reprise. Que a pornochic fique nas sessões das 14 e 16 horas, até que se pode aceitar - mas sacrificar o (ótimo) horário das 18 horas - e cortar a sessão das 22 horas - ceifando assim a chance de maior número de espectadores em conhecer o novo cinema suíço, é uma mancada cultural que, mesmo com toda a brutalidade com que os donos do poder da Fucucu costumam tratar tudo aquilo que não rende votos e não tem demagogia política (exemplos não faltam) não se justifica.
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Portanto, espera-se que o bom senso prevaleça e o atencioso Chico e a dona Ruth, consulesa da Suíça, agilizem uma mudança nos horários da Mostra do Cinema Suíço, que abre na segunda-feira com "Candy Mountain", 1987, de Rubert Frank, roteiro de Rudy Wurlitzer, trilha sonora de Tom Waits, o super-badalado ator-compositor outsider americano revelado por Francis Coppola e ator em "Daumbailô" de Jim Jamurschi, por sinal também no elenco deste filme que focaliza a viagem de um músico pelos Estados Unidos e Canadá pelo apelo jovem, "Candy Mountain" deve atrair um público interessado.
Definido como um musical road picture, "Candy Mountain" - versão em inglês mas com legendas em português e espanhol - é uma realização de Roberto Frank, suíço de Zurique, 64 anos, há 31 anos nos Estados Unidos - hoje vivendo em Nova Scotia, Canadá.
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